Rússia reivindica controle de Toretsk, cidade mineradora no leste da Ucrânia

Moradora da cidade ucraniana de Toretsk, região de Donetsk, alimenta um gato em frente a um prédio bombardeado em 29 de julho de 2024Anatolii STEPANOV

Anatolii Stepanov

A Rússia reivindicou, nesta sexta-feira (7), a captura da cidade mineradora de Toretsk, no leste da Ucrânia, uma vitória importante para as tropas russas após meses de combates.

Na frente diplomática, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que “provavelmente” se reunirá na próxima semana com o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky.

Por sua vez, Zelensky confirmou que Washington e Kiev trabalham nos planos para esse encontro. “Também estamos planejando reuniões a nível de equipes” de ambos os países, acrescentou.

A Ucrânia negou que as tropas russas estivessem no controle de Toretsk, localizada no oblast (unidade administrativa) de Donetsk e que tinha uma população de cerca de 30 mil habitantes antes da invasão russa, há três anos.

O Kremlin vem ganhando terreno há mais de um ano nessa região industrial, onde tomou dezenas de cidades e vilarejos, a maioria deles abandonados.

O controle de Toretsk permitirá que as tropas russas impeçam o abastecimento do Exército ucraniano e avancem ainda mais para o norte, segundo analistas militares.

Toretsk, conhecida como Dzerzhinsk em russo, é o maior assentamento que Moscou afirma ter capturado desde a tomada de Avdiivka no final de fevereiro de 2024, há quase um ano.

“As operações ofensivas […] permitiram libertar a cidade de Dzerzhinsk”, disse o Ministério da Defesa russo.

Um assessor de imprensa da 28ª brigada ucraniana, que estava lutando pelo controle de Toretsk, informou, no entanto, que as forças ucranianas ainda mantêm posições nos arredores da cidade.

Toretsk tem sido alvo de ataques russos desde meados do ano passado.

Jornalistas da AFP visitaram o local e viram a localidade devastada pelos combates no final de julho de 2024.

Alguns aposentados se refugiaram em seus porões, incapazes ou relutantes a deixar o local, apesar dos bombardeios constantes.

– ‘Apenas ruínas’ –

Blogueiros militares russos comemoraram a notícia, afirmando que a tomada desta localidade representa um passo importante para controlar o restante da região.

“Desculpe-me, mas precisamos de negociações neste ritmo?”, questionou o correspondente militar russo Alexander Kots, em referência a possíveis conversas entre Putin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para um cessar-fogo na ex-república soviética.

O controle de Donetsk é um dos objetivos declarados do presidente russo.

Putin fez do controle do Donbass, uma região no leste da Ucrânia que inclui os oblasts de Donetsk e Luhansk, uma “prioridade” desde que a declarou território russo em 2022.

Toretsk e a cidade sitiada de Chasiv Yar, menos de 20 quilômetros ao norte, são duas das últimas áreas urbanas que impedem o avanço da Rússia na região, de acordo com blogueiros militares russos.

Pouco antes do anúncio russo, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia publicou no X uma foto com edifícios destruídos.

“Já foi a casa de alguém. Um lugar onde as pessoas viviam, riam e construíam seu futuro. Hoje são apenas ruínas”, escreveu.

Trump, que assumiu o governo americano em janeiro, prometeu encerrar o conflito “em 24 horas” e pediu um “cessar-fogo imediato”. Mas a intensidade dos combates não diminuiu.

Pelo menos três pessoas morreram no início da manhã desta sexta em um bombardeio russo no oblast fronteiriço de Sumy, segundo promotores.

Do outro lado da fronteira, no oblast russo de Kursk, os moradores encurralados pela ofensiva terrestre da Ucrânia em agosto estão cada vez mais insatisfeitos.

Kiev afirmou na quinta-feira que estava pronta para abrir um corredor humanitário para permitir que os cidadãos russos saíssem dessa área de fronteira, caso Moscou solicitasse.

Zelensky afirmou, nesta sexta, que as tropas norte-coreanas voltaram ao front em apoio aos russos em Kursk, depois de vários informes de que teriam se retirado após sofrerem baixas importantes.

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