Tatuagem sem dor? Uso de anestesia levanta alerta após morte de empresário


O método divide opiniões. Em janeiro, um empresário morreu depois de tomar uma anestesia geral para se tatuar. Tatuagem sem dor? Uso de anestesia levanta alerta após morte de empresário
Reprodução
Uma técnica para fazer tatuagem sem dor vem atraindo adeptos: a sedação. Mas especialistas alertam que o procedimento precisa ser feito por um anestesista. O método divide opiniões. Em janeiro, um empresário morreu depois de tomar anestesia geral para uma sessão de tatuagem.
Veja a reportagem completa no vídeo acima.
A tendência entre os famosos
O funkeiro MC Pedrinho fez a primeira tatuagem aos 9 anos, uma homenagem à mãe Ana. Agora, aos 22 anos, o funkeiro tem o corpo inteiro coberto. MC Pedrinho optou por um procedimento que tem sido cada vez mais procurado: a sedação antes da tatuagem.
“É porque eu não gosto de sentir dor, não, mano. Já fui cinco vezes, graças a Deus, não aconteceu nada”, relata Pedrinho.
O método também foi aderido por Rafaella Santos, irmã de Neymar, que tatuou as costas sob sedação, e pelo jogador Gérson, do Flamengo.
Tragédia em Santa Catarina
No último dia 20, o empresário e influenciador Ricardo Godoi, de 46 anos, morreu após ser submetido a anestesia geral para tatuar as costas em um hospital particular de Itapema (SC). Três tatuadores fariam o desenho ao mesmo tempo. Mas, durante a anestesia, Ricardo passou mal. O caso está sendo investigado pela polícia.
“O médico anestesista não entendia o porquê de ele não estar respirando e extubou o Ricardo. Intubou novamente, solicitou o auxílio de outros médicos. Chegaram, realizaram uma terceira extubação”, diz o delegado responsável pelo caso, Aden Claus Pereira.
O anestesista Matheus Magalhães Falcão e pelo menos oito pessoas, incluindo o tatuador Halan Maiochi, prestaram depoimento. Segundo a polícia, Ricardo apresentou apenas exames de sangue antes do procedimento.
De acordo com as investigações, Ricardo Godoi apresentou apenas exames de sangue ao anestesista. Sem a causa da morte definida, o corpo de Ricardo foi exumado. Exames iniciais da polícia científica apontaram alterações no coração do empresário.
“O laudo preliminar consta que o coração do Ricardo era um coração que tinha hipertrofia, então ele era um coração mais duro”, pontua o delegado
A polícia também investiga se Ricardo usava anabolizantes.
Sedação ou anestesia: quais os riscos?
O tatuador Halan Maiochi disse, em nota, que este foi seu primeiro projeto com anestesia geral. E que a parceria com Ricardo previa a contratação de um anestesista e um hospital com todos os equipamentos e medicamentos necessários para a segurança da anestesia geral e sedação.
“O principal diferencial está no suporte que você tem a oferecer nessas duas situações. Então, o suporte na anestesia geral é muito maior que na sedação. Na anestesia geral, você precisa ter uma ventilação artificial pra que o paciente consiga manter a oxigenação adequada. E na sedação, não. Na sedação, o paciente consegue respirar espontaneamente”, diz João Manuel Silva Júnior, anestesista e intensivista.
A sedação tem três níveis: leve, moderada e profunda.
Mas quais os cuidados que a pessoa deve ter quando recorre à sedação antes de uma tatuagem?
“A gente pede os exames laboratoriais, a gente pede um eletrocardiograma. A gente avalia, na verdade, as suas doenças. A gente avalia se esse paciente tem alergia. Então, na verdade, vemos toda a história do começo ao fim do paciente”, afirma anestesista, Rômulo Navajas.
Em nota, o Conselho Federal de Medicina afirmou que vê com muita preocupação a realização dessa prática de forma crescente. A entidade que representa os médicos anestesistas diz que segue as recomendações do conselho.
“Nós seguimos o regramento do Conselho Federal de Medicina. E, hoje, a recomendação do conselho é que a anestesia seja feita para médicos e/ou odontólogos. Fora isso, não temos uma regulamentação prevista”, doutor Jetson dos Santos Nascimento, diretor da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.
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