Da ironia a seriedade: veja o que Bolsonaro postou após denúncia

Bolsonaro em manifestação na Avenida Paulista, em 7 de setembroReprodução

Nesta terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. Ele é acusado, entre outros crimes, de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, as provas apresentadas no indiciamento da Polícia Federal apontam que o ex-mandatário era quem chefiava o grupo que tentou abolir a democracia no Brasil – ou seja, impedir que a vontade soberana do povo, expressa pelas urnas nas eleições, imperasse-, tendo inclusive concordado com um plano para matar a chapa eleita e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As reações do ex-presidente

Desde antes da denúncia ser protocolada, Bolsonaro tem usado as redes sociais para negar as acusações e criar um clima de desconfiança das instituições entre seus apoiadores.

Ao longo da semana, ele publicou e repostou alguns convites à população para uma manifestação no dia 16 de março, em São Paulo. Segundo ele, os protestos seriam pelo impeachment de Lula, a anistia aos golpistas do 8/1 e a mudança na Lei da Ficha Limpa – da qual era um defensor no passado, mas hoje mudou sua postura devido ao fato dela o impedir de concorrer ao próximo pleito.

Ele também esteve no Senado. Enquanto estava saindo do prédio, se encontrou com jornalistas, disse que tinha “preocupação zero” com a denúncia.

“Você já viu a minuta do golpe? Não viu. Viu a delação do Mauro Cid? Não viu. A frase mais emblemática, tem uns 30 dias mais ou menos, um amigo que deixei em Israel falou o seguinte: “Que golpe é esse que o Mossad não estava sabendo?” Nenhuma preocupação com essa denúncia, zero”, disse em entrevista a jornalistas em visita ao Senado.

No Instagram, ele fez uma série de postagens – irônicas e sérias – sobre o caso. 

Primeiro, publicou uma nota de sua defesa, que recebeu com “estarrecimento e indignação a denúncia” da PGR, seguida de uma nota da defesa de Filipe Martins, seu ex-assessor especial para Assuntos Internacionais.

Bolsonaro publicou montagens ironizando o suposto plano para matar Lula, com uma garrafa de bebida alcoólica; outra, com um freezer de uma marca de cerveja sendo chamado de “caixão” para o petista.

No entanto, surgiram as primeiras repercussões da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, cujo sigilo foi retirado hoje de manhã por Moraes. Na delação, o tenente-coronel abordou detalhes não só da trama golpista, como também do caso das joias sauditas e da falsificação dos cartões de vacina.

Foi neste momento que o tom de Bolsonaro voltou a ficar mais sério. Publicou uma foto dele mesmo, com um texto na legenda acusando o regime atual do Brasil de ser autoritário.

“O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo: todo regime autoritário, em sua ânsia pelo poder, precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias”, diz o texto da postagem.

Rebuliço nas redes

A notícia da denúncia também foi amplamente repercutida entre os internautas. Os termos “Bolsonaro preso”, “VAI SER PRESO” e “Grande Dia” ficaram entre os assuntos mais comentados no X (ex-Twitter) na manhã desta quarta, com 71 mil, 73 mil e 42 mil menções.

Outros termos em destaque nas últimas horas foram o nome de Moraes (163 mil), justiça (73 mil) e Mauro Cid (31 mil).

Bookmark the permalink.