Polícia prende ‘Trolho’, apontado como mandante da morte de PM que passou pelo ‘tribunal do crime’


João Marcus Galdino da Silva, conhecido como Trolho, foi detido em um hospital de Carapicuíba (SP). Corpo do PM Luca Romano Angerami foi encontrado enterrado após passar mais de um mês desaparecido em Guarujá (SP). Policiais da Rota prenderam homem apontado como mandante da morte de PM que passou pelo ‘tribunal do crime’
Reprodução/TV Tribuna e Reprodução/Redes Sociais
Um homem foi preso suspeito de participar da morte do PM Luca Romano Angerami, que ficou desaparecido por mais de um mês após passar pelo ‘tribunal do crime’ em Guarujá, no litoral de São Paulo. Conforme apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, junto à Polícia Civil, João Marcus Galdino da Silva, conhecido como Trolho, é apontado como o mandante do crime.
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O PM foi visto pela última vez perto de um ponto de tráfico de drogas da cidade, em 14 de abril de 2024. O corpo de Luca foi encontrado em 20 de maio com 18 perfurações causadas por projéteis de arma de fogo, além de um cadarço no pescoço.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) realizaram um trabalho de inteligência e localizaram o suspeito em um hospital de Carapicuíba (SP).
Ainda de acordo com a secretaria, os agentes conduziram o homem até o 3º DP da cidade após confirmarem que havia um mandado de prisão em aberto contra ele, na última quinta-feira (13).
De acordo com o delegado da Delegacia de Homicídios de Santos (SP), Thiago Bonametti, Trolho era o suspeito de maior importância para as investigações que ainda estava foragido. Com a prisão do homem, ele garantiu que grande parte do trabalho da polícia já foi concluído.
“É um dos mais importantes identificados no envolvimento da morte do policial militar. A gente consegue ver, inclusive, pelo fato de ter fugido aqui da região e estar ali nas imediações de São Paulo”, explicou o delegado.
Delegacia de Homicídios de Santos, SP, dá detalhes sobre prisão de suspeito de matar PM
Prisões e corpos
Durante as investigações da morte do PM, de acordo com a SSP-SP, os policiais encontraram 12 corpos e prenderam 13 suspeitos de envolvimento no crime. Conforme apurado pelo g1, nesta quinta-feira (20), nove envolvidos no crime seguem presos e um responde ao processo em liberdade.
Na noite de 14 de abril, mesmo dia do desaparecimento, um homem identificado como Edivaldo Aragão, de 36, foi preso por ser suspeito de participar do assassinato de Luca. Ele foi abordado por policiais militares na Rua das Magnólias, em local próximo à adega.
Conforme apurado pelo g1 junto à Delegacia de Homicídios de Santos, a Polícia Civil descartou o homem das investigações por entender que ele não teve envolvimento e confessou a mando de uma organização criminosa. O homem foi indiciado por obstrução à Justiça.
Robô aquático foi usado para investigar sumiço do PM Luca Romano Angerami
Redes sociais/COE e Reprodução
2º preso confessa envolvimento no sequestro
No dia 18 de abril, Carlos Vinicius Santos da Silva, de 26, foi preso na Avenida das Acácias, em Guarujá. Policiais militares leram mensagens em um celular que comprovaram a participação dele no crime. O homem aparece ao lado de Luca na biqueira, na última imagem do soldado vivo (veja abaixo).
Mais quatro presos e carro apreendido
Com base nas mensagens encontradas no celular e no depoimento de Carlos Vinicius, a polícia identificou mais suspeitos envolvidos no crime.
No dia 19 de abril, quatro homens, que não tiveram as identidades divulgadas pela corporação, foram presos. Cada um teria uma responsabilidade: Um teria ficado com a arma de Luca; outro seria o dono da biqueira; um suspeito de abandonar o carro, e outro dirigido com o PM até a comunidade.
Sétimo e oitavo presos
Conforme apurado pelo g1, um sétimo suspeito, conhecido como “Caga”, apresentou-se espontaneamente na Divisão de Homicídios de Santos no dia 22 de abril.
Um oitavo homem, de 23, foi preso em 26 de abril no bairro Chácaras, em Bertioga (SP). A PM chegou ao suspeito com base nas informações obtidas em depoimentos anteriores. Na ocasião, a polícia disse que ele provavelmente mentiu ter envolvimento para despistar as autoridades.
Vídeo mostra PM desaparecido caminhando por comunidade após passar em adega
Nono preso
De acordo com a SSP-SP, um homem, de 41, foi preso por policiais militares em 10 de maio, no bairro Jardim Primavera, em Guarujá. Na ocasião, uma equipe viu o rapaz em atitude suspeita em uma via pública.
Assim que ele notou a presença policial, entrou em um comércio, mas foi seguido pelos agentes. Em busca no sistema, a corporação constatou que havia um mandado de prisão temporária expedido contra ele por suspeita de envolvimento no crime contra o soldado.
Mais três presos
Conforme apurado pelo g1 junto ao delegado Fabiano Barbeiro, duas pessoas foram presas entre o dia 10 de maio e 3 de junho. Depois deste período, de acordo com a SSP-SP, o 12º suspeito foi detido.
O 11º homem foi preso por policiais militares, em 3 de junho, após ser citado nos depoimentos de outros investigados, que foram detidos. As informações do décimo e 12º, no entanto, não foram divulgadas pela Polícia Civil à equipe de reportagem.
PM Luca Romano Angerami (à esquerda) conversando com amigos em adega e suspeito Carlos Vinicius Santos da Silva que confessou ter presenciado sequestro (à direita)
Reprodução e Redes sociais
13° prisão
Em 3 de dezembro, o 13º suspeito foi preso enquanto acompanhava a esposa grávida em uma consulta médica pré-natal. O cumprimento do mandado de prisão aconteceu em Navegantes (SC) após ele ser citado por outros investigados pelo crime.
A advogada que representa Samuel alegou que ele é inocente e não tem as características descritas nos depoimentos dos outros suspeitos.
Última prisão
Em 13 de fevereiro, policiais militares da Rota prenderam João Marcus Galdino da Silva, conhecido como Trolho, que era procurado pelo sequestro e homicídio do PM Luca. Os agentes realizaram um trabalho de inteligência e localizaram o homem em um hospital de Carapicuíba (SP).
Conforme apurado pela TV Tribuna junto à Polícia Civil, Trolho é apontado como o mandante do crime.
Passo a passo do crime
Ainda de acordo com o delegado, após ser visto em uma adega na comunidade Santo Antônio, em Guarujá, na madrugada do dia 14 de abril, os criminosos colocaram Luca em um carro e o levaram até o final da Rua Chile, na Vila Baiana.
“No primeiro momento, eles o levaram até uma residência abandonada, que utilizam como local para os debates do tribunal do crime”, complementou Barbeiro.
O agente acrescentou que, uma vez decidida a ‘sentença’ de morte pelos criminosos, apenas porque Luca era policial e estava no “lugar errado, na hora errada”, o rapaz foi levado até uma clareira no morro, onde foi executado e colocado em uma cova de aproximadamente dois metros.
Diante da repercussão do caso e do envolvimento da imprensa, a Polícia Civil apurou que os criminosos decidiram mudar o corpo de cova. “A criminalidade da região, percebendo que estávamos próximos, correu no meio das diligências e tirou o corpo da localidade, levando mais para cima, não exatamente no topo do morro, mas em um lugar de mais difícil acesso”, explicou Barbeiro.
Corpo encontrado
Corpo do soldado da PM Luca Angerami, de 21 anos, foi encontrado com sinais de tortura em uma cova na comunidade Vila Baiana, em Guarujá (SP). Ele foi reconhecido pelas tatuagens
Reprodução/Instagram e g1 Santos
De acordo com o Delegado Seccional de Santos (SP), Rubens Eduardo Barazal Teixeira, o corpo foi encontrado em 20 de maio após um homem, de identidade não divulgada pela corporação, ‘mapear’ o Morro da Vila Baiana à polícia.
Ainda segundo Barazal, seis policiais foram ao local com fotos das tatuagens de Luca. No ponto indicado pelo ‘guia’, os agentes encontraram a cova com o corpo. O cadáver, conforme informado pelo delegado, apresentava marcas de cortes e tiros, além de ter uma corda ao redor do pescoço.
O corpo foi encaminhado ao IML de Santos, onde passou por uma série de exames que determinaram que Luca estava com 18 perfurações causadas por projéteis de arma de fogo e um cadarço no pescoço. As informações foram confirmadas pela 3ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos.
Últimas imagens
Câmeras de adega mostram última imagens de PM antes de desaparecer
O PM foi visto durante a madrugada do dia 14 de abril em uma adega na comunidade Santo Antônio com dois amigos. Depois, câmeras de monitoramento filmaram o agente sendo acompanhado por Carlos Vinicius Santos da Silva — preso em 18 de abril — até a biqueira onde foi visto pela última vez.
As imagens, obtidas pela TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, mostram quando o PM chega em uma rua na comunidade às 6h41 em um carro de cor prata. O veículo era semelhante ao automóvel dele, que foi encontrado abandonado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
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