Grávidas ficam sem atendimento em maternidade pública por falta de médicos obstetras em Natal


Município citou dificuldade para encontrar profissionais com a qualificação e competitividade com valores oferecidos no mercado. Coopmed informou que contrato com Município venceu há 3 meses. Valdineia Moreira não conseguiu atendimetno com médico obstetra na Arakén Pinto
Reproduação/Inter TV Cabugi
Grávidas que procuraram a Maternidade Municipal Dr. Arakén Irerê Pinto, na Zona Leste de Natal, nesta sexta-feira (21) precisaram voltar para casa sem atendimento. Isso porque a maternidade não tinha médicos obstetras trabalhando na unidade.
Em um dos casos, uma grávida de 9 meses, com uma dilatação de 4 centímetros, já próxima de ter o bebê, precisou retornar para casa sem conseguir uma consulta (veja mais abaixo).
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Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde Natal, que gere a unidade, informou que a maternidade tem encontrado “dificuldade em completar o quadro de profissionais médicos obstetras para os acolhimentos devido a diversos fatores”.
Entre as dificuldades, segundo a SMS, “está o quantitativo de profissionais da especialidade disponíveis no Estado e a competitividade dos valores oferecidos por outros serviços”.
A pasta informou, no entanto, que as gestantes têm sido direcionadas a outras unidades, como a Maternidade Leide Morais, na Zona Norte, por exemplo, “para os casos que necessitem de atendimento obstétrico”.
A SMS informou que está “tomando todas as providências para que esse problema seja resolvido o mais breve possível, evitando prejuízos à população”.
Os médicos obstretras da unidade eram fruto de acordo com a Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed-RN), que alegou que o contrato com a prefeitura de Natal referente aos serviços prestados por obstetras na Maternidade Araken Irerê Pinto venceu há três meses.
“Desde o término do acordo, a Coopmed dialoga com a SMS para a formalização de um novo contrato e assim dar continuidade à prestação de serviços essenciais à população”, disse em nota a Coopmed.
A Cooperativa informou que aguarda um posicionamento que permita a renovação do vínculo e a continuidade dos serviços médicos especializados.
Grávida de nove meses volta sem atendimento
A dona de casa Valdinéia Moreira está com nove meses de gestação, sentindo dores e com quatro centímetros de dilatação. Ela procurou a maternidade Arakén Pinto nesta sexta-feira, mas não conseguiu atendimento.
“Eu já estou com 4 centímetros de dilatação. Eu cheguei aqui e disseram que não tinha médico, que estava em greve. Aí me mandaram ali para a Januário Cicco, só que a Januário só é de risco ou cesárea”, disse.
Como ela não se encaixa no atendimento da Januário Cicco, ela contou que a mandaram, então, seguir para a Maternidade Leide Morais, na Zona Norte de Natal.
“Cheguei lá, me mandaram de volta. E eu aqui sentindo dor. Ele disse para eu voltar para casa e ir para a Arakén Pinto amanhã, que os médicos iriam voltar”, disse.
A dona de casa foi rapidamente examinada, mesmo sem um médico obstetra, e está em trabalho de parto inicial, com possibilidade do nascimento do bebê em breve.
Uma outra grávida, que preferiu não se identificar, também não conseguiu atendimento médico na maternidade. Grávida de 2 meses, ela contou que sente dores e que tem anemia falciforme – uma doença que altera os glóbulos vermelhos do sangue. Por isso, gostaria de uma consulta para saber se o bebê está bem.
“Eu fico frustrada, porque é uma coisa que é preocupante. Até porque não são só as dores, eu tenho um problema chamado de anemia falciforme, então isso pode estar prejudicando também o desenvolvimento do bebê. Eu preciso saber se ele está bem ou não, e não tem atendimento médico”, lamentou.
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