‘Tataravô dos crocodilos’: fóssil com 237 milhões de anos descoberto no RS pode ajudar a explicar evolução dos dinossauros


Detalhes da espécie inédita foram divulgados na revista internacional Acta Palaeontologica Polonica, publicada nesta terça-feira (25). Pesquisadores da UFSM descobriram fóssil de espécie inédita de réptil em Paraíso do Sul
UFSM
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), publicaram em uma revista científica internacional nesta terça-feira (25) detalhes de uma descoberta inédita na Região Central do Rio Grande do Sul: do fóssil de uma espécie de réptil até então desconhecida e que viveu há 237 milhões de anos – antes dos dinossauros, mas que pode ajudar a explicar como eles evoluíram.
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“Fósseis aqui da região são muito importantes porque eles vêm desse momento do período triássico, que é o primeiro período da era mesozoica, que vai ter os dinossauros. Mas esses aqui são de ecossistemas que antecedem os dinossauros. Então, cada animalzinho que a gente encontra ali são animais que viveram nesses ecossistemas e nos ajudam a entender o que foi que mudou para que os dinossauros conseguissem alcançar o sucesso evolutivo no momento seguinte da história da vida na Terra”, conta o paleontólogo Rodrigo Muller.
Na revista Acta Palaeontologica Polonica, a nova espécie foi batizada de “retymajichampsa beckerorum”. A primeira palavra significa “crocodilo de perna forte”. O nome é uma combinação de palavras do grego e do guarani. Já a segunda é uma homenagem aos donos da propriedade rural onde foi feita a descoberta, que tem o sobrenome “Becker”.
Fóssil da perna do animal que foi descoberto no RS e pode ajudar a explicar a evolução de dinossauros
UFSM
O fóssil descoberto é uma das pernas do animal. Ela estava escondida em meio a rochas dentro da propriedade rural da família Becker em Paraíso do Sul e foi recuperada em janeiro de 2024.
“Bom, esse animal, ele não é um dinossauro, ele viveu antes dos dinossauros, e apesar de ser um fóssil, apesar de ser um animal pré-histórico, ele não é grande”, conta Muller.
O réptil seria um tataravô dos atuais crocodilos e jacarés e até dos dinossauros. Ele andava sobre as quatro patas, tinha 80 centímetros de comprimento e comia carne, ou seja, era carnívoro. Ele habitava a América do Sul, em países como Brasil e Argentina, durante a era mesozoica, há 237 milhões de anos, no período triássico.
“Esse animal é interessante pelo fato de que a maioria dos proteocampsidios dessa idade, com cerca de 237 milhões de anos, a maioria deles é conhecida por materiais cranianos, materiais da cabeça do animal. Esse aqui, ele tem essa perna completa, então, ele traz informações que a gente praticamente não tinha para essa idade”, explica Muller.
“Retymajichampsa beckerorum”: réptil seria um tataravô dos atuais crocodilos e jacarés e até dos dinossauros
UFSM
Para os pesquisadores, o fóssil preenche uma lacuna importante na história e ajuda a contar a evolução das espécies. Agora, eles querem entender as transformações de ambiente e ecossistema daquela época: são descobertas ajudam a recontar detalhes da pré-história.
“O nosso objetivo é encontrar mais partes desse animal e outros componentes da fauna em que ele vivia. Então a gente segue fazendo trabalhos de campo nesse sítio, já recuperamos outros animais, até mesmo fósseis de proteocampsidios que podem pertencer a essa espécie, só que é um processo lento. Agora a gente vai entrar na fase de preparação, o que envolve ácido, martelete pneumático, então pelo menos mais um ano de estudos para chegar em novas informações a respeito desse animal ou dos fósseis que a gente encontrou nesse sítio”.
Fóssil foi descoberto em propriedade rural na cidade de Paraíso do Sul
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