Reunião de prefeitos em Sales discute poluição no Rio Tietê, mas não chega a decisões concretas: ‘Assim não funciona’, diz empresário


Encontro discutiu impactos ambientais no interior paulista; prefeitos vão elaborar documento conjunto para cobrar providências do Governo do Estado. Reunião sobre poluição do rio Tietê reúne prefeitos em Sales, mas não traz decisões concretas.
Reprodução/TV TEM
Prefeitos de cidades ribeirinhas do noroeste paulista se reuniram na segunda-feira (7), em Sales (SP), para discutir os impactos da poluição no rio Tietê e buscar possíveis soluções. Porém, apesar da mobilização e do reconhecimento dos problemas enfrentados por pescadores, piscicultores e comerciantes da região, nenhuma decisão efetiva foi anunciada até o momento.
As discussões giraram em torno da necessidade de união entre diferentes esferas do poder público, mas ainda não há medidas práticas ou prazos definidos para ações de recuperação do rio ou apoio aos afetados.
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O encontro reuniu representantes de 14 municípios banhados pelo Tietê, entre eles nove da região noroeste: Irapuã (SP), Glicério (SP), Adolfo (SP), Novo Horizonte (SP), Ubarana (SP), Urupês (SP), Birigui (SP), Araçatuba (SP) e Sales (SP), que convocou a reunião, incluindo membros da Associação das Prefeituras dos Municípios de Interesse Turístico do Estado de São Paulo (Amitesp) e autoridades ligadas ao meio ambiente e ao turismo regional. No entanto, segundo a organização, 53 prefeituras haviam sido convidadas.
Segundo o secretário de Turismo de Sales, Donizete Edissel de Oliveira, as prefeituras envolvidas vão elaborar um documento para cobrar providências do governo,
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Segundo o secretário de Turismo de Sales, Donizete Edissel de Oliveira, as prefeituras envolvidas vão elaborar um documento unificado para cobrar providências do Governo do Estado. “Esse documento será elaborado por Sales e posteriormente enviado para os municípios, para que cada um acrescente suas particularidades. Depois, será entregue em mãos ao governador em uma reunião marcada para o dia 17 de abril”, afirma.
Ainda segundo o secretário, havia a expectativa de uma participação maior de gestores municipais.
“Sales esperava mais comprometimento. Os convites foram enviados com antecedência e muitos prefeitos confirmaram presença, mas infelizmente o número de participantes ficou abaixo do esperado”, disse.
Durante a reunião, intitulada “Rio Tietê Pede Socorro”, o empresário de turismo e jornalista Carlos Nascimento, que atua em Barra Bonita (SP), também cobrou mais articulação entre os órgãos responsáveis.
“Na minha opinião, o que nos falta hoje é o que os americanos chamam de authority, ou seja, um órgão que centralize as operações da hidrovia Tietê-Paraná. A hidrovia não tem “dono”, então você não consegue reclamar para alguém que vai te dar ouvidos, porque tem que falar com 10, 15 órgãos que participam da hidrovia. Assim não funciona”, pontua.
Situação do Tietê no noroeste paulista
O rio Tietê tem apresentado coloração esverdeada e acúmulo de algas, principalmente nos trechos dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Nova Avanhandava (SP) e Promissão (SP). A eutrofização, processo causado pelo excesso de nutrientes na água, tem resultado em baixa oxigenação e mortandade de peixes e camarões.
Piscicultores encontram cerca de 30 toneladas de peixes mortos no Rio Tietê em Ubarana
Piscicultores da região estimam prejuízos que já passam de R$ 10 milhões. Só nos municípios de Ubarana (SP) e Zacarias (SP), foram perdidas cerca de 900 toneladas de tilápia em pisciculturas inteiras. Além disso, milhares de peixes nativos também têm sido encontrados mortos todos os dias em braços e afluentes do rio.
Apesar de o governo estadual ter anunciado uma linha de crédito emergencial a juros zero e um possível auxílio financeiro para os produtores, até o momento não há definição de data ou valor para liberação dos recursos.
Piscicultores de Ubarana (SP) perdem produção de tilápia.
Rogério Pedrozo/TV TEM
As ações de fiscalização seguem em andamento. Nas últimas semanas, um Grupo de Fiscalização Integrada (formado por Cetesb, Fundação Florestal, Polícia Ambiental, Secretaria de Agricultura e prefeituras) percorreu 403 km de áreas navegáveis e inspecionou cerca de 57 mil hectares ao longo das margens do rio.
A Cetesb também iniciou a instalação de seis novas sondas para monitorar a qualidade da água, sendo duas delas destinadas à região do Baixo Tietê, que abrange o noroeste e o centro-oeste paulista.
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