Paixão que conduz além do corpo: dançarina inicia no balé aos 30 anos e deixa outras profissões para se dedicar integralmente à dança


Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP), teve o sonho de aprender a modalidade clássica adiado por dificuldades financeiras, mas a condição não a fez desistir da vocação. Dia Internacional da Dança: bailarina de Presidente Prudente iniciou no balé aos 30 anos
Dançar balé clássico foi um sonho que por muito tempo habitou apenas os pensamentos e anseios de Adriana Ferreira, de 49 anos. Movida pela paixão, ela começou a se dedicar a essa modalidade de dança aos 30 anos, quando desafiou as vozes que impõem limites de idade para começar. Nesta terça-feira (29) em que se comemora o Dia Internacional da Dança, o g1 conta em detalhes como é a relação de amor que une Adriana e a expressão corporal.
📱 Participe do Canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp
O amor pelo balé sempre esteve vivo em seu coração, mas as condições financeiras da infância e da juventude a impediram de dar os primeiros passos. O sonho precisou esperar três décadas, mas, quando finalmente se tornou realidade, nunca mais deixou de ser palpável.
“Minha paixão sempre foi o balé clássico. No entanto, quando pequena, não tive condições financeiras de ingressar em uma escola. Na minha época, ainda não existiam os projetos sociais. Descobri, já adulta, por volta dos 30 anos, que tinha uma escola que oferecia balé para adultos. Imediatamente fiz minha matrícula e iniciei as aulas”, contou a dançarina ao g1, que mora em Presidente Prudente (SP).
“Quando comecei a dançar, não passava pela minha cabeça ser velha ou nova. Apenas queria dançar, mesmo porque, de alguma forma, sempre dancei. Entrar para o clássico era só completar esse sonho. Eu tinha consciência de que não seria uma bailarina profissional, mas eu precisava dançar”, disse.
Bailarina e professora de dança Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP)
Arquivo pessoal
Embora seus olhos brilhassem mais intensamente pelo balé clássico, Adriana sempre se envolveu em atividades que lhe dessem a oportunidade de dançar.
“Desde muito cedo, eu sou apaixonada por dança. Quando eu estudava no ensino fundamental, por volta dos 10, 11 anos, eu já tinha um grupo cover, onde dançava e ensaiava as meninas que participavam junto comigo. Aos 15, comecei a dançar axé music e tive algumas participações em apresentações em eventos esportivos”, descreveu a bailarina.
Durante a juventude, ela foi, inclusive, desafiada por um professor de axé — que já reconhecia seu potencial e fascínio pela dança clássica — a substitui-lo em algumas aulas. Ele foi um dos que a incentivaram a começar as aulas de balé.
Bailarina e professora de dança Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP)
Arquivo pessoal
A paixão levou Adriana a dedicar sua vida à dança. Isso significou, inclusive, mudar de profissão para viver da vocação que guiava seus pés, corpo e mente nas contagens de cinco, seis, sete, oito, ensinando — e inspirando — outras pessoas.
Formada em direito em 1998, ela atuou na área durante cinco anos e, depois, se dedicou à estética corporal e facial. Mas seu chamado para a dança nunca se calou.
Em meados de 2011, seu marido tinha uma academia de musculação, e ela enxergou ali a oportunidade de levar as aulas para o local — o que foi um sucesso. Posteriormente, a academia se transformou em uma escola de dança, e foi então que Adriana deixou suas outras profissões para se dedicar por completo à escola.
“Eu fui da estética para a dança sem o menor problema. Conforme as turmas foram aumentando na academia, eu tive de começar a dar as aulas. No início, eu ajudava e acompanhava a professora na época. Fui aprendendo aos poucos e, com o passar do tempo, assumi algumas turmas de balé adulto e infantil iniciantes”, relembrou a professora.
Bailarina e professora de dança Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP)
Bruno Fernandes
“O começo não foi fácil, porque eu tinha minhas clientes, tirava um bom salário, mas tudo foi me levando para a dança, e eu praticamente comecei do zero. Eu tive de começar do zero e tirar um atraso de estudos de uns 20 anos, mas eu optei por agarrar essa oportunidade, porque percebi que estaria fazendo de fato o que mais amo. Ficar trancada em um escritório, definitivamente, não era pra mim”, afirmou ela ao g1.
“A dança me ensina todos os dias que precisamos correr atrás do que realmente queremos. Precisamos preencher as nossas vidas com verdades, e não com o que fomos condicionados a fazer”, destacou.
Adaptar uma paixão à rotina de uma nova profissão trouxe desafios físicos e emocionais, mas a bailarina e professora sempre acreditou que estava no caminho certo — e essa convicção a guia até hoje.
Os desafios são muitos, físicos e emocionais. Mas não é assim em todas as profissões? Como eu sei que estou no lugar certo, fazendo o que mais amo na vida, fica muito mais fácil superar os desafios. Costumo pensar em um dia de cada vez. Uso muito uma frase com minhas alunas: quem vive de passado, tem depressão, e quem vive de futuro, tem ansiedade
Adriana se formou em balé clássico pelo método da Royal Academy of Dance, uma das organizações de educação e treinamento em dança mais influentes do mundo, com sede em Londres, na Inglaterra.
E ela não parou por aí. Após iniciar sua trajetória no balé, a dançarina expandiu suas habilidades para modalidades como o jazz e suas vertentes.
Bailarina e professora de dança Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP)
Bruno Fernandes
Hoje, prestes a completar 50 anos, ela é diretora da escola de dança, onde ensina desde crianças até alunos de nível avançado, além de ensaiar constantemente para marcar presença em festivais.
“Pensando no fato de que comecei a dançar depois dos 30 anos, todo progresso é muito marcante na minha carreira como bailarina, mas tem dois momentos que me trazem orgulho: um deles foi o último exame de formação, pelo método da Royal Academy of Dance, no qual consegui a nota distinción [maior nota]. Foi uma superação muito importante. O segundo foi quando comecei a dançar com um partner [parceiro]. Achava que nunca seria capaz de ter um duo [dupla], com bailarino profissional, mas está acontecendo e estamos participando de festivais e tendo ótimas premiações. São dois momentos que me enchem de felicidade”, expôs a bailarina ao g1.
Bailarina e professora de dança Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP)
Arquivo pessoal
Adriana acredita que a mensagem mais importante que a dança pode transmitir é a de que “todos podem realizar tudo o que quiserem, contanto que façam com verdade”.
“As pessoas precisam descobrir o que realmente faz a diferença na vida delas, pois, só assim, começarão a fazer a diferença na vida dos que estão em volta. Eu diria que o velho não existe. Não gosto das expressões ‘não consigo’ e ‘impossível’. Nunca é tarde ou cedo demais para fazer o que gosta. Respeitem seus limites, mas não deixem de fazer”, aconselhou ela.
“Espero deixar um bom exemplo, espero incentivar as pessoas a fazerem e concretizarem seus projetos e sonhos. Espero ver as pessoas mais felizes por fazerem o que gostam. Quem está bem consigo mesmo, realiza grandes coisas”, concluiu a bailarina e professora ao g1.
Bailarina e professora de dança Adriana Ferreira, de Presidente Prudente (SP)
Bruno Fernandes
VÍDEOS: Tudo sobre a região de Presidente Prudente
Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.
Bookmark the permalink.