Prédio com janelas tortas vira ‘cartão postal para curiosos’ no Paraná


No edifício de 48 quitinetes, 16 têm as janelas tortas. Arquiteto que projetou o prédio diz que a ideia de incluir janelas desniveladas tiram a monotonia da fachada. Prédio com janelas tortas atrai olhares curiosos em Maringá
Há cerca de 15 anos, o edifício Guinza, em Maringá, no norte do Paraná, atrai olhares curiosos para as janelas tortas na fachada. Quem mora no prédio já o considera como um “cartão postal para curiosos”, que frequentemente tiram fotos, observam e questionam sobre o motivo de a construção ter sido feita dessa forma.
Das 48 quitinetes do edifício, 16 têm as janelas desniveladas em relação ao restante. Mesmo com o aspecto pouco usual, a inclinação não inibe novos moradores, que inclusive acabam atraídos pela curiosidade em saber como é ver o mundo de dentro desses apartamentos. Saiba mais abaixo.
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O edifício Guinza foi construído entre os anos de 2007 e 2009 e fica na Zona 1 de Maringá. As quitinetes têm cerca de 25 metros quadrados e são compostas por sala e cozinha conjugadas, um quarto, banheiro e a lavanderia que abriga as inusitadas janelas.
O criador do projeto foi o arquiteto e urbanista Roberto Estevam. Ele explica que no projeto inicial, o detalhe inclinado fazia parte dos peitoris de uma sacada, mas, posteriormente, elas foram fechadas com vidro e se transformaram em janelas.
De acordo com Estevam, os detalhes tortos foram colocados para tirar a monotonia da fachada. Na época do projeto, a unidades inclinadas foram enfatizadas com cores, mas depois o prédio todo foi repintado com tons mais neutros.
Projeto original do edifício Guinza, em Maringá.
Cedida/Roberto Estevam
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Peculiaridade não inibe novos moradores
Edifício Guinza, em Maringá, chama atenção pelas janelas tortas.
Diogo Menezes/RPC
A síndica, Valéria Grossi, diz que a taxa de ocupação é sempre próxima de 100% e que as janelas às vezes passam despercebidas.
A maioria dos moradores são casais ou pessoas solteiras, que geralmente são estudantes e trabalhadores. Segundo a síndica, muitos deles só reparam no detalhe das janelas quando já estão entrando com a mudança.
“A pessoa muitas vezes não repara, aluga, às vezes nem vem conhecer, pois mora fora e, quando chega, tem essa surpresa. O único problema que eles detectam, não é você abrir a janela e ver o mundo diferente, mas sim a questão de colocar uma cortina, por exemplo, fica inusitado, você tem que colocar um trilho torto, mas geralmente as pessoas gostam e acham interessante e acaba virando ponto de visitação. Acredito que dentro dos apartamentos também seja assim, os amigos querem saber como funciona”, contou a síndica.
Quando foi entregue, a ideia era que as janelas diferentes ficassem justamente em destaque. Contudo, a proposta não foi bem aceita pelos primeiros proprietários, que optaram por pintar o prédio todo com cores neutras, para que o desnível ficasse menos aparente.
“Pelo que conversei com os proprietários, eles não tinham prestado atenção no fato de que o projeto original tinha algumas janelas tortas. Uma única proprietária disse que havia percebido o detalhe no projeto, mas não acreditou que seria realizado, mas foi”, explicou Valéria.
Valéria é síndica do condomínio há dois anos e conta que só reparou nas peculiaridades do prédio depois que começou a trabalhar lá. Hoje ela percebe que o Guinza se tornou uma espécie de ponto turístico.
A fama das janelas tortas é tamanha que alguns moradores planejam revitalizar o prédio. De acordo com a síndica, a ideia é que, ao contrário do que foi feito no início, agora elas fiquem ainda mais evidentes com grafismos. Porém, a transformação ainda não tem data programada.
“Paixão” a primeira vista
Vista interna do edifício Guinza, em Maringá.
Cedida/Higor Ribeiro da Costa
Foi pelas vidraças de um shopping próximo que Higor Ribeiro da Costa conheceu o “exótico” edifício Guinza pela primeira vez. A palavra é usada por ele mesmo para se referir ao prédio pelo qual se apaixonou à primeira vista.
Higor é professor de arquitetura e urbanismo na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e se mudou em 2022 para o edifício Guinza, onde mora há três anos.
“Desde que bati o olho nele, pensei: ‘se eu for morar no centro, quero ficar ali’. Passei a namorar ele justamente por ser exótico. Como arquiteto, achei muito legal quando entrei e vi a janela torta assim como eu tinha visto por fora. É diferente, de fato, mas sempre achei muito legal, justamente por ser algo inusitado e fora do convencional “, contou ao g1.
Apesar de ser torta, Higor explica que a janela não causa nenhum desconforto. Além disso, ele considera que o local já virou ponto de visitação, como um “cartão postal para curiosos”, como os próprios amigos dele, que ficam interessados em saber como é viver ali.
Ainda que tenha uma fachada diferente, o arquiteto considera o apartamento bem projetado e que, embora seja pequeno, os espaços são bem distribuídos. Para ele, as janelas poderiam ser ainda mais amplas, para favorecer a iluminação natural.
“Posso dizer que é um bom apartamento, em um bom prédio e com uma boa vizinhança – tanto no prédio como ao redor – e eu adoro olhar para o céu lá fora através dessa janela torta. É incrível ver o amanhecer daqui”, completou Higor.
Registro do amanhecer pela janela do edifício Guinza.
Higor Ribeiro da Costa
O que diz o Conselho de Arquitetura e Urbanismo
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), Walter Gustavo Linzmeyer explica que os arquitetos são livres para criar diversos tipos de projeto, conforme os estilos com que mais se identificarem.
Frente a isso, independentemente do tipo de projeto, ele explica que esses profissionais devem seguir as leis dos municípios, cumprir as normas técnicas e zelar pela segurança e a proteção do meio ambiente.

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