Chefe que tomou carro de funcionária e foi preso pela PF se apresentava como amigo de Neymar; entenda


Rodrigo Morgado, alvo da PF e investidor de clube ligado ao pai de Neymar, apagou posts do Instagram após a prisão; ele demitiu funcionária que ganhou veículo na própria empresa. Rodrigo Morgado ao lado de Neymar (à esq.) e carro sorteado para auxiliar contábil (à dir.)
Redes Sociais e Reprodução
O empresário Rodrigo Morgado, que foi preso na última terça-feira (29) durante uma operação contra o tráfico internacional de drogas, e ficou conhecido após sortear um carro e demitir a funcionária vencedora, já usou as redes socias para celebrar a amizade com Neymar Jr. Ele também é um dos investidores do Atlético Monte Azul, clube do interior paulista, que tem entre os gestores Neymar pai.
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No Instagram, o empresário, dono da Quadri Contabilidade, afirmou que o trabalho o aproximou do camisa 10 do Santos FC: “A vida realmente dá voltas surpreendentes. Hoje, eu vejo que a contabilidade me abre muitas portas. Tive a honra de estar ao lado e na casa de um dos maiores ícones do futebol”.
“Neymar sua humildade é incrível. Obrigado por abrir a porta da sua casa para mim e minha família”, escreveu o empresário, escreveu.
Na publicação de abril de 2024, que foi apagada após o empresário ter sido preso por posse ilegal de arma durante a operação Narco Vela, na qual é um dos investigados, ele também citava o momento precioso com o craque.
“Não se trata apenas de conhecer uma estrela, mas de conectar vidas e compartilhar alegrias. Obrigado, Neymar, por tornar este dia inesquecível. Lembranças como estas são os verdadeiros tesouros da vida”, finalizou ele.
Investidor do Monte Azul
Morgado também se apresentou, em vídeo, como um dos investidores do Atlético Monte Azul. O clube, que virou Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em novembro de 2023, tem como gestores Neymar pai e o ex-jogador Émerson Sheik.
Em fevereiro deste ano, o Monte Azul anunciou Jota Amâncio, um dos ‘parças’ de Neymar, como presidente da SAF.
Desde que se tornou SAF, o time foi rebaixado da Série A2 para a Série A3 do Campeonato Paulista — da qual é vice-líder em 2025 — e conquistou a Copa Paulista de 2024, garantindo calendário inédito na história centenária do clube, que disputará a Série D do Campeonato Brasileiro este ano.
Operação Narco Vela
Vídeos mostram mansão e veículos luxuosos de empresário preso durante operação da PF
Sorteio e demissão
Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, foi da felicidade à frustração ao ganhar um carro em um sorteio na empresa em que trabalhava e, quatro meses depois, perder o veículo ao ser demitida em Santos, no litoral de São Paulo.
A auxiliar contábil afirmou ter gastado aproximadamente R$ 10 mil com o carro, antes de devolvê-lo à empresa de Morgado, devido a problemas e documentações. “Gastei economias para fazer esse conserto. E agora tá sendo bem difícil, né? Estou tentando me levantar de novo”, desabafou a jovem.
Quando o assunto veio à tona, o g1 ouviu o empresário, que teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. À época, ele informou que a funcionária perdeu o carro por ter descumprido regras do regulamento. Morgado também afirmou que a funcionária não foi demitida pelas reclamações sobre o carro, mas devido ao comportamento inadequado no local de trabalho.
Larissa Amaral da Silva ganhou carro em sorteio da empresa e perdeu veículo após ser demitida em Santos (SP)
Redes sociais
Larissa disse que foi pega de surpresa pela demissão. “Até então eu era bem elogiada na empresa, então não faz sentido eles terem me demitido do nada. Esperamos [por] justiça”, relatou.
“É um caso bem complexo que envolve uma relação de trabalho e uma discussão cível sobre o sorteio realizado. Estamos analisando os documentos comprobatórios e estudando a melhor estratégia para atuação que, em breve, será judicializada”, disse o advogado Paulo Ferreira, que representa Larissa.
Jovem ganha carro em sorteio de empresa, gasta R$ 10 mil e perde prêmio ao ser demitida
O que diz a empresa?
Ao g1, a Quadri Contabilidade informou que Larissa aderiu aos termos e condições estabelecidos no regulamento do sorteio, que “previa requisitos para a efetiva transferência da titularidade do veículo, programada para 13 de dezembro de 2025”.
Segundo a empresa, os requisitos eram: manter vínculo empregatício por um período mínimo de 12 meses na data da transferência; atingir metas trimestrais estabelecidas; assumir a responsabilidade integral por todas as despesas inerentes ao veículo durante o período em que este permanecesse sob sua posse.
Ainda em nota, a Quadri afirmou que a ex-funcionária comunicou sobre os problemas mecânicos e os custos de manutenção após quatro meses de posse do veículo. Desta forma, a empresa se prontificou a investigar a situação.
✅ Regras para manter o prêmio (carro):
Manter vínculo empregatício por no mínimo 12 meses até a data da transferência oficial do veículo, programada para 13 de dezembro de 2025;

Atingir metas trimestrais, entre elas organizar campanhas de doação;

Arcar com todas as despesas do veículo durante o período em que estivesse sob sua posse, como: Manutenção, documentação, licenciamento e transferência
Segundo a Quadri, durante a tratativa interna foi descoberto que Larissa “estava utilizando o veículo para locação a terceiros, em flagrante desrespeito a uma das cláusulas expressas do regulamento do sorteio”. Por isso, a jovem foi desclassificada e perdeu o direito ao prêmio.
“Após ter ciência da referida locação do veículo, as partes concordaram que não havia mais ambiente para a continuidade da funcionária na empresa, sendo que o desligamento da Sra. Larissa foi formalizado e todas as suas verbas rescisórias foram devidamente quitadas”.
❌ Motivo da desclassificação:
A empresa informou que descobriu que Larissa alugou o veículo para terceiros, o que violava uma cláusula expressa do regulamento do sorteio
Isso foi considerado um descumprimento direto das regras, resultando na perda do direito ao prêmio e no desligamento da funcionária, com pagamento das verbas rescisórias.
Também em nota, a Quadri lamentou que a ex-funcionária usou as redes sociais para publicar sobre o caso em “uma versão distorcida dos acontecimentos”. Segundo a empresa, o episódio gerou uma série de comentários ofensivos direcionados tanto à empresa quanto ao seu sócio e respectivos familiares, “causando-lhes significativo transtorno psicológico”.
A Quadri disse ainda que buscou contato com o advogado de Larissa para propor o pagamento integral do valor do veículo. “Em contrapartida, a empresa solicitou apenas que a ex-funcionária publicasse, na mesma rede social, uma nota de esclarecimento com a veracidade dos fatos. Contudo, a Sra. Larissa recusou-se a cooperar e não se dispôs a publicar a referida nota”.
No posicionamento, a empresa também lamentou a postura da jovem e enfatizou que o carro “jamais pertenceu à Sra. Larissa, constituindo-se um bem da empresa sorteado sob condições específicas, as quais não foram integralmente cumpridas pela ex-funcionária”.
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