Adjuvantes: o que são e por que estão ganhando espaço como aliados no campo


Tecnologia pouco conhecida fora do setor agrícola, substâncias otimizam a aplicação de insumos e contribuem para atuação mais sustentável no agro. Adjuvante potencializa a pulverização ao deixar componente mais pesado para aplicação mais certeira
Divulgação/ Sell Agro
Entre os avanços da agricultura brasileira, os adjuvantes agrícolas despontam como soluções estratégicas para aumentar a produtividade e reduzir perdas na lavoura.
Apesar de ainda pouco conhecidos fora do meio técnico, esses produtos vêm ganhando protagonismo entre os agricultores por sua capacidade de potencializar a ação de fertilizantes, defensivos e outros insumos.
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O que são adjuvantes?
Adjuvantes são substâncias adicionadas à calda de pulverização antes da aplicação de defensivos, fertilizantes ou produtos biológicos. Eles não possuem ação direta sobre pragas ou doenças, mas desempenham um papel importante para que os ingredientes ativos desses produtos ajam com mais eficácia.
“O adjuvante garante que o agroquímico tenha a real efetividade para a qual foi desenvolvido. Aplicou uma vez, sanou o problema”, afirma Leandro Viegas, CEO da Sell Agro.
Sua ação pode variar: alguns atuam reduzindo o desperdício do produto — impedindo que o vento desloque as gotas —, outros facilitam a penetração na planta, estabilizam a mistura no tanque, evitam a evaporação e até aumentam o número de microgotas na aplicação, ampliando a cobertura da área tratada.
Há fórmulas que incluem surfactantes, compostos químicos que permitem que substâncias que normalmente não se misturariam possam ser combinadas, protetores solares e anti-espumantes, combinando inovação química com conhecimento agronômico.
Adjuvantes têm diferentes funções na aplicação de insumos no campo
Divulgação/ Sell Agro
Um mercado em plena expansão
O crescimento desse mercado é expressivo. Segundo a mais recente pesquisa da FarmTrak, da Kynetec Brasil, o comércio de adjuvantes no país movimentou quase R$ 3 bilhões em 2023 — quatro vezes mais que em 2015, quando o setor somava R$ 734 milhões.
A soja lidera o consumo, com R$ 1,6 bilhão (56% do total), seguida do milho, com R$ 522 milhões (18%).
Esse avanço é reflexo da profissionalização do setor e da busca constante dos produtores por maior rentabilidade e eficiência nas lavouras. “O mercado ainda é novo no Brasil, mas está crescendo com muito respeito pelo campo”, afirma Viegas.
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Qualidade, regulamentação e segurança ambiental
Apesar do potencial, o uso de adjuvantes ainda esbarra em um ponto sensível: a ausência de regulamentação específica. Diferente dos defensivos agrícolas, os adjuvantes não precisam de registro oficial no Brasil.
Para o pesquisador Hamilton Ramos, diretor do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, essa lacuna representa riscos.
“Essa brecha regulatória implica riscos ao agricultor no tocante à qualidade dos adjuvantes que ele adquire”, alerta.
Como resposta, o IAC criou o Selo Oficial de Funcionalidade para Adjuvantes Agrícolas, que atesta a eficácia de produtos submetidos a rigorosos testes no Centro de Engenharia e Automação (CEA), em Jundiaí (SP). Mais de 100 marcas de mais de 40 empresas já participam do programa. “É um crescimento expressivo que mostra a maturidade do setor”, pontua Ramos.
A qualidade dos adjuvantes também impacta diretamente no meio ambiente. Produtos de má formulação podem comprometer a eficácia dos defensivos e levar à aplicação excessiva de insumos. Já os bons adjuvantes, além de aumentarem a eficiência, contribuem para a sustentabilidade ao reduzir o volume necessário de aplicações e o risco de contaminação do solo e das águas.
“O produtor rural tem feito muito mais do que a lei exige, usando tecnologia de aplicação e o uso moderado de agroquímicos para proteger o solo e as nascentes”, complementa Viegas.
O desafio agora é ampliar o conhecimento sobre esses produtos e promover uma regulamentação eficaz, que proteja tanto o produtor quanto o consumidor final. “A falha do agro está na comunicação. Quem está fora não vê o esforço que se faz para tornar o agronegócio sustentável e respeitado”, diz Viegas.
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