Ex-presidente do Uruguai, Mujica enfrenta fase terminal de câncer

José Mujica, ex-presidente do Uruguai, está em fase terminal de um câncer de esôfago, segundo informou sua esposa, Lucía Topolansky, em entrevista à rádio Sarandí nesta segunda-feira (6). Aos 89 anos, Mujica recebe cuidados paliativos.

“Não há mais o que fazer, apenas cuidar para que ele sofra o menos possível”, disse Topolansky. O diagnóstico foi confirmado em abril de 2024.

À época, exames detectaram um tumor avançado no esôfago, agravado por uma condição autoimune crônica.

Conforme detalhou Topolansky, o câncer se espalhou e o organismo de Mujica não responde mais aos tratamentos. “Os médicos disseram que qualquer novo procedimento traria mais sofrimento do que benefícios”, afirmou.

Desde o agravamento do quadro clínico, o ex-presidente permanece em sua residência, nos arredores de Montevidéu. Ele está sob acompanhamento médico contínuo e não tem recebido visitas, com exceção de familiares e pessoas próximas.

Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015, após trajetória política iniciada no movimento guerrilheiro Tupamaros, durante os anos 1960. Foi preso durante a ditadura militar e passou 13 anos encarcerado, a maior parte deles em regime de isolamento.

Com a redemocratização, filiou-se à Frente Ampla, coalizão de esquerda, e ocupou cargos no Parlamento até sua eleição à presidência.

Durante seu governo, Mujica defendeu reformas nas áreas de educação, saúde e políticas sociais. Após deixar a presidência, voltou ao Senado, de onde se afastou em 2020, alegando motivos de saúde. Desde então, reduziu as aparições públicas, mas manteve atividades políticas pontuais.

Nas últimas semanas, Mujica deixou de participar de eventos partidários e não acompanhou a movimentação das eleições departamentais. “Ele não pode mais sair de casa. A prioridade é mantê-lo confortável”, afirmou Topolansky na entrevista.

Carinho do presidente do Uruguai

O atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, que também é integrante da Frente Ampla, manifestou solidariedade.

“Pepe é um exemplo para todos nós, e agora precisamos deixá-lo em paz com sua família”, declarou, pedindo respeito à privacidade do ex-presidente.

Não há previsão de novos comunicados médicos. Topolansky afirmou que a família pretende manter a rotina em casa e que “o objetivo, neste momento, é garantir que ele viva da melhor maneira possível o tempo que resta”.