Herança de família: há 15 anos, novas gerações se reúnem para manter viva a receita de pamonha das avós em MS


Família Melo se encontra todos os anos para produzir pamonhas e convidar os amigos. Neste ano, 758 pamonhas foram feitas. O recorde foi em 2010, com 987 unidades. Família produzindo as pamonhas.
Há 15 anos, três gerações da família Melo se reúnem no Sítio São Jorge, em Dourados (MS), para preservar uma tradição herdada das avós: a produção de pamonhas.
No encontro mais recente, realizado no último sábado (10), 35 familiares participaram da produção, que resultou em 758 pamonhas — sendo 670 doces e 88 salgadas. (Veja o vídeo acima.)
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Uma das netas, Cristiane Melo, conta que tudo começou com a avó, Maria Augusta de Melo, que preparava o alimento para a família. “Minha mãe e minhas tias continuaram a tradição e passaram para a terceira geração, que sou eu e minhas primas”, explica.
Neste ano, além das três gerações habituais, o encontro também contou com a participação dos jovens da quarta geração, que, segundo Cristiane, serão os futuros produtores de pamonha da família.
O primo de Cristiane, José Orlando de Melo, destaca a importância de manter viva essa tradição familiar.
“É uma tradição. Este ano estamos todos reunidos novamente, e ainda chegou uma galera nova pra ajudar. Eles ainda não sabem fazer, mas estamos ensinando”.
A produção é feita para consumo próprio e também para dividir com amigos. Para Cristiane, o momento é muito mais do que culinária – é também uma forma de preservar histórias e fortalecer os laços familiares.
“É um dia muito alegre, no qual conseguimos reunir boa parte da família e relembrar histórias engraçadas. Apesar do cansaço, no final vale muito a pena.”
O recorde
O recorde de produção aconteceu em 2010, no segundo ano da tradição, quando foram feitas 987 pamonhas. “Foi no segundo ano em que começamos a nos reunir. Cerca de 30 pessoas ajudaram”, lembra Cristiane.
Hoje, as avós, que no passado lideravam a produção, agora acompanham de longe, passando o bastão para os mais jovens.
“Eu gosto, acho muito bonito. Tem muita gente nova entrando na lida. As gerações precisam continuar, não podemos deixar isso se perder”, comenta Áurea Melo, uma das avós.
Família reunida no encontro de 2025.
Arquivo pessoal
Como é feita a pamonha
A produção das pamonhas leva mais de 12 horas. Segundo Cristiane, os trabalhos começam às 8h e só terminam por volta das 21h.
“Agora, minha mãe e minhas tias estão com mais idade e mais limitadas fisicamente. No início, elas eram mais ágeis e conseguíamos fazer tudo mais rápido. A nova geração está aprendendo, mas ainda são um pouco mais lentos”, explica.
O processo é dividido em etapas:
“Primeiro, colhemos os milhos na roça e separamos as espigas. Depois, retiramos os grãos do sabugo e batemos no liquidificador com leite. A massa é temperada com açúcar, banha de porco, óleo e sal. Em seguida, embalamos e levamos ao fogo”, detalha.
Todo o milho usado na produção das pamonhas é cultivado no próprio sítio da família. No entanto, nem todos os anos foi possível manter a tradição.
“Em 2021, infelizmente a safra foi muito ruim e não conseguimos fazer as pamonhas. No ano passado também não foi possível, pois meus primos perderam toda a plantação por conta da seca extrema”, finaliza Cristiane.
Pamonhas feitas pela família no encontro deste ano.
Arquivo pessoal
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