Júri condena dois envolvidos em assassinato motivado por ‘talaricagem’ dentro de facção em SC

Caso de talaricagem em uma facção de Santa Catarina terminou com um morto, dois presos e dois absolvidos - Foto: Cristiano Estrela/NCI TJSC/ND

Caso de talaricagem em uma facção de Santa Catarina terminou com um morto, dois presos e dois absolvidos – Foto: Cristiano Estrela/NCI TJSC/ND

O Tribunal do Júri em Palhoça, na Grande Florianópolis, condenou nesta sexta-feira (23) dois homens envolvidos em um homicídio ocorrido no Natal de 2020. O crime teria sido motivado por “talaricagem”, expressão popular para alguém que se relaciona com a companheira de um amigo, em uma facção criminosa.

Outros dois homens também estavam envolvidos no julgamento, mas foram absolvidos. A pena dos dois condenados somam 46 anos e 5 meses de prisão.

Os condenados foram:

  • Geovane dos Santos Niches (o “Bomba”): 21 anos, 2 meses e 6 dias de prisão;
  • Gustavo Jacinto (o “Maquinista”): 25 anos e 3 meses de prisão;

Os absolvidos foram:

  • Gustavo Rocha Menezes Salum (o “Dancinha);
  • Rafael Hack (o “Amaral”);

O grupo foi acusado de matar a tiros Wederson Benitz, integrante da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) conhecido como “Fuzil”, após descobrir que ele mantinha um relacionamento amoroso com a ex-namorada de Rafael Hack, outro membro chamado de “Amaral”.

O caso do assassinato por “talaricagem” aconteceu em 25 de dezembro de 2020, dia de Natal, no bairro Jardim Eldorado, em Palhoça.

Criminosos armaram emboscada para vítima devido a ‘talaricagem’ dentro de facção

Conforme a investigação da Polícia Civil, a mulher manteve, por dois anos, um relacionamento amoroso com Rafael Hack, (o “Amaral”), membro do PGC. Enquanto namoravam, ela descobriu que Rafael a traía com sua ex e, por isso, decidiu terminar a relação.

Aproximadamente sete meses após o término do relacionamento com Rafael, ela passou a se relacionar com Wederson Benitz (o “Fuzil”), outro integrante do PGC, que também estava preso e seria amigo de infância de Rafael.

Segundo a denúncia do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), Rafael não aceitou e reivindicou à cúpula do PGC a morte do casal, alegando “talaricagem” — o que é proibido pelas regras da organização.

Talaricagem é quando um homem que se relaciona com a companheira de outro, o que é proibido pelas regras da facção - Foto: Reprodução/ND

Talaricagem é quando um homem que se relaciona com a companheira de outro, o que é proibido pelas regras da facção – Foto: Reprodução/ND

A mulher, então, teria procurado a cúpula da facção para evitar represália, mas duas lideranças — Geovane Niches (o “Bomba”) e Gustavo Salum (o “Dancinha”), que estavam presos — expediram um “decreto” pela morte de Wederson. A denúncia não aponta para uma ordem de execução da mulher.

No dia 25 de dezembro de 2020, após cerca de um ano do envolvimento amoroso de Wederson com a mulher, Gustavo Jacinto (o “Maquinista”), que estava em liberdade, chamou Wederson para fazer uma ronda no Jardim Eldorado, onde moravam, sob alegação de que membros de uma facção rival estariam ameaçando o território.

A investigação, liderada na época pela delegada Raquel Freire, aponta que, após a ronda, ambos foram até a casa de Wederson. Ali, Gustavo, certificado de que Wederson estava desarmado, disparou várias vezes e o matou, cumprindo a ordem recebida pelo “decreto”.

No fim, o Tribunal do Júri entendeu que nem “Amaral”, nem “Dancinha”, estiveram envolvidos no assassinato de “Fuzil”, tendo a ordem sido emitida apenas por “Bomba” e executada por “Maquinista”.

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