Adelmário Coelho critica maior presença de outros ritmos nas festas juninas: ‘O forró é o anfitrião, tem que reinar’


Em entrevista ao g1, o cantor baiano também destacou a preparação para maratona de shows e defendeu a renovação do ritmo com responsabilidade. Adelmário Coelho critica excesso de ritmos nas festas juninas
Com mais de 30 anos de carreira, Adelmário Coelho é um dos nomes mais tradicionais do forró tradicional nordestino. Durante o São João, ele encara uma rotina intensa de shows e, mesmo diante das transformações do cenário musical, mantém firme a defesa do gênero que ajudou a eternizar.
Em entrevista ao g1, o intérprete de sucessos como “Anjo Querubim” e “O Neném” opinou sobre a presença de representantes de outros gêneros, a exemplo do arrocha e do sertanejo, entre as atrações dos principais festivais juninos.
“A música não briga com a outra, os artistas também não. Mas quem contrata precisa entender que tem responsabilidade com a cultura. Pode até ter outros gêneros, o que não pode é ter mais artista que não seja de forró do que forrozeiro”.
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Adelmário ressalta que não é contra nenhum ritmo, mas critica a desproporção nas grades de eventos públicos durante o São João, destacando que há outros momentos em que esses artistas podem ser protagonistas. Nesse sentido, ele cobrou mais responsabilidade dos contratantes na hora de montar as programações.
“Se eu perguntar a você: ‘quer dançar o quê no São João?’, a resposta é óbvia. Mas muitos contratantes vão pelo comercial, por quem leva público. Tudo bem, mas não pode esquecer o anfitrião. O forró é o anfitrião, tem que reinar”.
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Cantor recorda que, quando criança, perdeu parte de cartilagem do dedo soltando fogos no período junino.
Uéditon Teixeira/ g1 Bahia
Ele defende que o forró, assim como outras tradições da época, estão na construção da identidade e da cultura do povo nordestino. Recorda que, quando criança, chegou a perder parte da cartilagem do dedo indicador esquerdo soltando fogos no período junino. A prática está consolidada no imaginário de quem já curtiu a festa de interior.
Shows, estrada e rotina intensa: ‘É uma maratona’
Ao longo da entrevista, o cantor também abordou os bastidores da preparação para a maratona junina. Segundo Adelmário, cuidar do corpo e da mente é fundamental para dar conta da agenda cheia.
“Fisicamente, eu tenho o compromisso de estar o ano todo me preparando. Mentalmente, aí sim, existe uma concentração; um suporte dos profissionais da voz, da fonoaudióloga… Sempre me aparo com eles para fazer uma boa entrega”.
Adelmário Coelho
Rerpodução/TV Bahia
O forrozeiro já chegou a fazer até quatro apresentações numa mesma noite. Hoje faz dois shows — ele diz que prefere diminuir a quantidade para entregar maior qualidade ao público e fugir de imprevistos logísticos. Nesse sentido, a meta é otimizar ainda mais a dinâmica na estrada, com apenas um evento por data.
“A experiência vai me dizendo que a entrega precisa ter mais qualidade. Porque numa ‘dobra’, às vezes, acontecem imprevistos e você não consegue fazer o que deseja”, pondera.
Forró em constante mudança
Forrozeiro defende renovação do forró mantendo a estrutura rítmica do gênero e a qualidade
Nos anos 90, as bandas tradicionais de forró criticavam o à época chamado “forró eletrônico”, que teve como um dos grandes expoentes o Aviões do Forró. Eles inseriram bateria, guitarra e metais nas bandas.
Mas a renovação do ritmo não parou por aí. O forró pé-de-serra divide espaço com o estilo mais romântico, o eletrônico e o mais recente piseiro, entre outras vertentes. O ritmo vem se renovando com o passar dos anos e mantendo suas relevância no cenário da música nordestina principalmente.
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Para Adelmário, essa evolução sonora é natural. Ele lembra que o próprio Rei do Baião começou com o trio nordestino e depois inseriu outros instrumentos nas músicas.
“Luiz Gonzaga gravava basicamente com o trio. Depois, foi pra guitarra, contrabaixo, bateria. Hoje temos metais, percussão, e isso só enriquece. (…) O que você não pode é quebrar o gênero”.
O cuidado, segundo ele, está em manter a estrutura rítmica do gênero e a qualidade nas composições. “Isso é um compromisso de quem defende o forró”, resume.
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