Rebelião em presídio de segurança máxima no AC vai ser investigada em dois inquéritos


Polícia Civil fez coletiva nesta sexta-feira (28) e disse que um inquérito vai apurar as mortes e o segundo vai definir como foi a dinâmica da rebelião.
Polícia Civil abriu dois inquéritos para investigar rebelião em Rio Branco
Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre
Dois inquéritos foram abertos pela Polícia Civil para investigar como foi a dinâmica da rebelião dentro do presídio de Segurança Máxima do Acre Antônio Amaro Alves. Os presos renderam um detentos e um policial penal e conseguiram tomar o presídio por mais de 20 horas em um ato que durou de quarta (26) até quinta-feira (27). Na ação, cinco presos foram mortos por membros de uma facção rival – três deles foram decapitados.
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Há duas possibilidades de motivação: a que a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) divulgar oficialmente é de uma tentativa de fuga de 13 presos, que foram contidos e, por conta disso, teria mantido reféns para garantir as negociações. Há também uma versão de que a facção criminosa que orquestrou a rebelião queria apenas entrar no pavilhão da grupo criminoso rival e matar os integrantes para demonstrar poder na guerra por territórios.
O presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves existe há 15 anos e tem, ao todo, 99 presos, segundo o Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Acre (Iapen-AC). Os tipos de presos são aqueles que exercem poder de chefia nos grupos criminosos que fazem parte. Os grupos criminosos são separados por pavilhões.
Toda a dinâmica e motivação devem ser esclarecidas nos inquéritos abertos pela Polícia Civil. O primeiro vai ser conduzido pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP) e o outro conduzido pelo Departamento Técnico-Científico, onde será possível traçar como iniciou a rebelião dentro da unidade.
“Nós determinamos a abertura de dois inquéritos, um especificamente que está coordenado pela DHPP, que vai apurar os homicídios e lesões corporais e outro para tratar da dinâmica no início do evento no presídio, além dos danos patrimoniais. Pessoas estão sendo ouvidas e depois de ouvir todo mundo vamos concluir os inquéritos. É precipitado a gente falar sore qualquer ponto específico nesse momento, pois o inquérito vai nos dar subsídio para sabermos quem participou e como participou diretamente da ação”, disse o delegado-geral, Henrique Maciel.
Os inquéritos têm 30 dias para serem concluídos.
Ruas do presídio foram bloqueadas durante rebelião
Reprodução/Rede Amazônica Acre
15 armas
Esta foi a segunda coletiva da Segurança Pública do estado sobre a rebelião no presídio. Em coletiva, nesta quinta-feira (27), a Segurança informou que ainda não sabe como a rebelião iniciou e nem como os presos tiveram acesso a 15 armas usadas para manter um policial penal e um detento reféns por mais de 24 horas. Na ação, cinco presos foram mortos por outros detentos.
Ao ser questionado de como o policial foi rendido e como os presos tiveram acesso a 15 armas, o presidente do Iapen, Glauber Feitoza, disse que tudo ainda está sendo investigado.
“A priori, as informações preliminares é de que a partir do momento que o nosso policial foi rendido, isso fragilizou a rotina de segurança. O que a gente pede agora é que os canais de comunicação aguardem as apurações para que a gente possa apurar o que transcorreu no interior da unidade”, disse.
Cinco homens foram assassinados durante a rebelião que durou mais de 24 horas em presídio do AC
Arquivo
Quem são os presos mortos?
Ricardinho Vitorino de Souza – vulgo Anjo da Morte: Conhecido como matador de um grupo criminoso que atua na capital, ele estava preso desde fevereiro de 2020. Na época da prisão, a Polícia Civil informou que ele executava ordens que partiam de dentro do presídio junto com outros comparsas. Ele confessou participação em 15 homicídios ocorridos na capital acreana.
Marcos Cunha Lindoso – vulgo Dragão: Considerado um dos maiores chefes de uma facção criminosa com atuação no estado, ele foi preso em São Paulo em 2018. Ele chegou a ser resgatado quando participava de uma feira de artesanato no Centro de Rio Branco, durante atividade externa. Ele era condenado por tráfico de drogas e por integrar organização criminosa.
Francisco das Chagas Oliveira da Silva – vulgo Ozim: Também ligado a uma facção criminosa. Ele foi condenado em 2020 a mais de 20 anos por integrar organização criminosa.
Lucas de Freitas – vulgo Poloco: Em 2020, ele foi condenado a mais de 29 anos pela morte de Florípedes Paixão dos Santos, de 37 anos, ocorrida em abril de 2015. Ele também era suspeito de envolvimento em um latrocínio de um policial militar aposentado.
David Lourenço da Silva – vulgo Mendigo: Ele cumpria pena por integrar organização criminosa.
Presídio Antônio Amaro teve rebelião de cerca de 24 horas
arte/g1
A Rebelião
A rebelião, segundo o gabinete de crise, começou por volta das 9h30 (horário do Acre). Segundo informações do gabinete de crise, os presos renderam policiais penais e tiveram acesso às armas que foram usadas para tomar o presídio. Foram mais de 24 horas de rebelião e mais de 16 horas de negociação.
Um policial penal do Grupo Penitenciário de Operações Especiais (GPOE) foi atingido no início da ação, com um tiro de raspão na região ocular. E outro foi pego como refém e permaneceu na mira dos presos até o fim da rebelião.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, colocou equipes à disposição para apoiar o governo do Acre. “Em face de crise no sistema penitenciário estadual do Acre, falei com o governador Gladson Cameli e coloquei nossa equipe à disposição para auxiliar no que for cabível”, disse o ministro.
Colaborou Andryo Amaral, da Rede Amazônica Acre.
VÍDEOS: g1

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