Chacina na fronteira: 1º dia do júri tem depoimentos de testemunhas, vítimas e acusados


Sessão do júri começou com três horas de atraso. Foram mais de nove horas de julgamento neste primeiro dia.
Primeiro dia do júri de chacina na fronteira do AC tem depoimentos de testemunhas, vítimas e acusados
Renato Menezes/g1
O primeiro dia de júri na 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar da Comarca de Rio Branco durou pouco mais de 9 horas. A sessão começou com mais de 3 horas de atraso, às 11h20, e terminou às 20h50 desta segunda-feira (7).
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Estão sendo julgados seis acusados de uma chacina na fronteira do Acre com a Bolívia. O crime aconteceu em 13 de setembro de 2020.
Segundo a PM, dois moradores de Acrelândia, que são da mesma família, trabalhavam com a retirada de madeira em uma propriedade boliviana e um deles teria estuprado uma menina de 14 anos na localidade.
O primeiro a ser ouvido foi o pai da menina estuprada. Ele disse que ficou sabendo do crime e amarrou em uma árvore Gilvani Nascimento da Silva, de 19 anos, conhecido como Buiu. Em seu depoimento, ele diz que não sabe se o crime foi motivado por raiva dele ou por questões financeiras
Veja quem são os acusados:
Gean Carlos Alves da Silva, conhecido como Baleado. Ele é pai é de:
Geane Nascimento da Silva;
Gean Carlos Nascimento da Silva, conhecido como Neném;
Gilvan Nascimento da Silva
Gilvani Nascimento da Silva, de 19 anos, que foi morto, era conhecido como Buiu.
Já os outros dois acusados são:
Luciano Silva de Oliveira, casado com Geane;
José Francisco Mendes de Sousa – conhecido da família.
Foram ouvidas 11 pessoas neste primeiro dia, sendo o pai da adolescente; a menor, três dos acusados e o restante foram informantes. Nesse primeiro momento, eles falaram sobre a dinâmica do crime e o que aconteceu no dia 13 de setembro de 2020.
O júri vai analisar se os acusados cometeram crime de homicídio, ocultação de cadáver e corrupção de menores. O crime de estupro de vulnerável não será analisado porque o acusado, o pivô de toda confusão, foi assassinado em abril de 2021.
Geovane, filho de Baleado também, que chegou a ser apreendido na época por ter matado Samir, um dos irmãos da vítima. Ele foi ouvido como informante. Ele cumpriu pena de dois anos e seis meses em centro socioeducativo. . “Eu, como fui autor do crime, eu me arrependo muito do que fiz. Deus transformou a minha vida. Cometi esse crime, eu paguei na lei da terra e sei que tem muito pra eu pagar na lei de Deus”, disse.
O depoimento da adolescente também foi marcado por emoção. Ela disse que passou dois anos fazendo terapia para tentar esquecer tudo que viveu. A adolescente está há 3 anos esperando uma cirurgia por conta da lesão na mão. A cirurgia custa 15 mil bolivianos.
“Mas eu não lembro muito porque eu passei por 2 anos em psicólogo para esquecer essa história”
Adélia, mãe de Baleado, também foi ouvida. Ela defendeu o filho e disse que ele era uma pessoa boa. Pediu para o juiz para vê-lo, porque há três anos não falava com o acusado. O juiz deu suspendeu a sessão para que ela pudesse falar com o filho.
“Ele não é o que as pessoas estão falando. No dia que aconteceu esse causo, ele tava cuidando de mim. Eu não enxergo e faz 3 anos que eu não vejo meu filho”, disse.
Acusados
Victor Lebre/g1
O crime
O crime ocorreu no dia 13 de setembro de 2020 próximo das cidades acreanas de Acrelândia e Plácido de Castro, na região de fronteira com a Bolívia. Uma mulher boliviana e os dois filhos foram mortos a tiros depois que a filha de 14 anos foi estuprada por Gilvani Nascimento da Silva, conhecido como Buiu.
A ocorrência foi atendida pelas polícias Civil e Militar do Acre. Segundo a PM, dois moradores de Acrelândia, que são da mesma família, trabalhavam com a retirada de madeira em uma propriedade boliviana e um deles teria estuprado a menina de 14 anos na localidade.
O pai da menina flagrou a situação, amarrou o homem a um tronco de árvore e foi até o lado brasileiro para pedir ajuda da polícia para prendê-lo.
Ao perceber a situação, outro acreano que estava no local correu até sua casa, avisou que o parente estava preso na propriedade do boliviano e chamou os familiares para resgatar o suspeito de estupro.
O grupo, então, foi em motocicletas até a propriedade boliviana para libertar o homem. No local, eles mataram a mãe da menina de 14 anos, dois irmãos dela, que não tiveram as idades divulgadas, e ainda atiraram contra a adolescente.
Os corpos foram jogados próximos a uma árvore, e a casa da família foi queimada. O grupo teria ainda roubado cerca de R$ 10 mil e mais uma quantidade de dinheiro boliviano que estava na casa das vítimas.
Chacina aconteceu em 2020
Arquivo/PC-AC
Colaboraram Renato Menezes e Victor Lebre.
VÍDEOS: g1

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