VÍDEO: vice-prefeita de Rio Branco se envolve em confusão durante reintegração de posse em área de invasão


PM tentou retirar vice-prefeita, Marfisa Galvão, da área de invasão, mas gestora permaneceu no local e teria causado tumulto. Polícia Militar e oficiais de Justiça cumprem ordem de reintegração de posse no bairro Irineu Serra. Marfisa afirma que foi ajudar moradores e foi agredida verbalmente. Em ação de reintegração de posse, vice-prefeita de Rio Branco é levada por PMs
A vice-prefeita de Rio Branco, Marfisa Galvão, se revolveu em uma confusão durante a operação de reintegração de posse da Terra Prometida, área de invasão do bairro Irineu Serra, Parte Alta da capital acreana, na manhã desta quarta-feira (16). Vídeos que circularam nas redes sociais mostram a gestora sentada no chão e depois sendo levada por policiais militares.
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A gestora falou ao g1 que foi para a localidade a pedido dos moradores que viviam na área de invasão. Segundo ela, a comunidade está sem receber a devida assistência social durante a desapropriação da terra e ela colocou seu gabinete à disposição dos moradores.
“A polícia está aqui para cumprir o mandado, estão para cumprir o trabalho deles, mas a comunidade está reivindicando o mínimo, que é a assistência básica. Estão sem água, alimentação, o acolhimento que estão oferecendo na Expoacre, sabemos que o pessoal que mora na Parte Alta as crianças estudam aqui e tinha que ter um acolhimento aqui perto. Ninguém quer ouvir eles, e eu me sensibilizei, fui eleita pelo povo, a gente passa a ser gestor de todos”, afirmou.
PM tentou retirar vice-prefeita da área de invasão, mas gestora permaneceu no local
Reprodução
Segundo policiais que estavam no local, a gestora chegou causando tumulto e incitou a população a ir para cima dos oficiais de Justiça e policiais durante o segundo dia de desapropriação da terra. Com a confusão, Marfisa foi convidada pela polícia a sair do local para não causar mais tumulto. Não houve prisão.
Ela segue no local até a tarde desta quarta. “A vice-prefeita aqui no local incitando o povo contra a Polícia Militar. Veio cedo para cá, o serviço estava normal e ela incitando a população contra a PM”, diz um policial nas imagens em que mostram a Marfisa sendo levada por uma militar.
Confusão
Em outra parte das imagens, Marfisa senta no chão enquanto uma policial tenta convencê-la a se levantar e encerrar o tumulto. Ao fundo, a população aplaude a atitude da vice-prefeita.
Ao g1, a gestora afirmou que foi agredida verbalmente por uma policial militar, ouviu vários insultos e teve o braço apertado pela servidora pública. Ela falou também que sentou no chão para evitar ser levada à força e demostrar que não estava reagindo e nem agredindo ninguém.
“Uma policial estava me insultando, me chamando de oportunista, perguntando se eu queria uma lâmpada e uma melancia para colocar na minha cabeça, que aqui não era lugar de fazer política, de ir atrás de fotos e que eu tinha que ter vergonha na minha cara. Estava me insultando ao mesmo tempo em que apertava meu braço. Com essa pressão psicológica, sentei no chão porque para me levarem, ameaçaram me prender, tinham que me levantar do chão. Sentei no chão, cruzei as pernas e fechei os braços e não respondi nenhuma agressão verbal”, contou.
Marfisa Galvão sentou no chão com moradores que são retirados de área de invasão
Stefany Lima/Arquivo pessoal
Marfisa explicou que começou a receber mensagens de moradores da área ainda na terça. No final do dia, ela enviou uma equipe para acompanhar a situação e, segundo ela, os moradores estavam sem a devida assistência social, água potável, energia elétrica e alimentação.
“Como vi que não estavam tendo o serviço assistencial básico, que são os critérios em um caso de desapropriação de terras, fiquei indignada com os relatos do que estavam passando, resolvi vir ajudá-los. Por volta das 7 horas da noite trouxe alimentação e fiquei com compromisso de vir pela manhã para acompanhar as negociações feitas. Tem uma equipe de assistência social do Estado que está presente, mas não tem negociação, só tem uma alternativa, mas não obedece os critérios”, criticou.
Em nota, a Prefeitura de Rio Branco disse que não participa do processo de retirada das famílias na área invadida. “Informa ainda que não participa do no processo de retirada das famílias, que vem sendo feito pela justiça com apoio do Estado. Um processo de retirada, aliás, que vem sendo cumprido com zelo e cuidado”.
“A gestão municipal reconhece a importância do trabalho que vem sendo realizado no local para garantir a segurança dos oficiais de justiça e, principalmente, das famílias que estão sendo removidas com todo o amparo social que se faz necessário em momentos como esses”. Veja nota na íntegra abaixo.
Sobre a acusação da vice-prefeita de que os moradores estão sem a devida assistência social, a assessoria de comunicação do governo disse que o ‘Estado está dando assistência a todas as famílias. 97 já foram cadastradas em aluguel social e estão tendo apoio logístico para transportar o mobiliário’.
O governo destacou também que há três frentes de atendimento:
Para famílias que escolheram ir para casa de parentes;
Famílias que escolheram ir para o aluguel social
E para a família optou até ir para o abrigo no Parque de Exposições.
Sobre a possível agressão verbal que a gestora teria sofrido, o governo afirmou que só poderá se ‘posicionar após registro do Boletim de Ocorrência, pois até o momento não temos conhecimento dessa ocorrência’.
Reintegração
A operação para reintegrar a área começou na terça (15) com muito tumulto. Já nas primeiras horas do dia, agentes da Segurança Pública chegaram ao local e aguardavam para derrubar as casas. Com a chegada das máquinas ao local, os moradores tentaram fazer um bloqueio e a Polícia Militar usou spray de pimenta.
Um homem apareceu nas imagens sendo agredido por policiais militares. A entrada das máquinas foi marcada por confusão. Os moradores tentaram impedir e foram contidos. Eles também usaram barreiras feitas de pneus. Além de spray de pimenta, foi usado gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Algumas pessoas se desesperaram com a derrubada das casas.
Polícia Militar prendeu quatro pessoas durante ação
Reprodução
Sessenta casas foram demolidas e quatro pessoas presas pela Polícia Militar durante o primeiro dia de reintegração de posse. Um policial militar ficou ferido durante a ação. Conforme o boletim do governo, um morador jogou uma pedra no rosto do militar.
O governo disponibilizou o Parque de Exposições Wildy Viana como abrigo temporário para famílias que não tiverem para onde ir, até que sejam incluídas no Programa Bolsa Moradia Transitória. Contudo, algumas famílias optaram ficar na casa de parentes e amigos e outra aceitaram a inclusão no aluguel social.
O parque segue disponível para receber essas pessoas e seus pertences. Uma família optou por deixar os móveis e objetos pessoais no local.
Conforme o governo, foram realizados 97 cadastramentos para inclusão em aluguel social e atendimentos em saúde no local. Além disso, o governo informou que toda assistência social foi prestada aos moradores retirados do local, com disponibilização de transporte para as famílias e para os bens às novas moradias. A área era ocupada irregularmente desde 2021.
Nota na íntegra da prefeitura:
A Prefeitura de Rio Branco esclarece que não tem qualquer tipo de envolvimento com o movimento dos invasores “Terra Prometida” no bairro Irineu Serra e que vem passando por processo judicial de reintegração de posse.
Informa ainda que não participa do no processo de retirada das famílias, que vem sendo feito pela justiça com apoio do Estado. Um processo de retirada, aliás, que vem sendo cumprido com zelo e cuidado.
A gestão municipal reconhece a importância do trabalho que vem sendo realizado no local para garantir a segurança dos oficiais de justiça e, principalmente, das famílias que estão sendo removidas com todo o amparo social que se faz necessário em momentos como esses.
Estamos à disposição dos responsáveis pelo processo caso haja necessidade, o que até o momento não se fez necessário por todas medidas previamente adotadas pelos órgãos de Assistência Social do estado.
A gestão municipal respeita o trabalho do Governo do Estado e da Justiça e acredita que tudo será resolvido da melhor maneira possível e com a brevidade necessária.
Ailton Oliveira
Assessor Especial de Comunicação
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