Advogado preso pela PF por suspeita de vazar informações a facção nega acusações e passa por audiência de custódia no AC


Thalles Damasceno Magalhães de Souza foi alvo da Operação Tricoat III nesta quarta-feira (3), em Rio Branco. Thalles Damasceno Magalhães de Souza foi alvo da Operação Tricoat III em Rio Branco
Arquivo pessoal
O advogado Thalles Damasceno Magalhães de Souza, que foi preso nesta quarta-feira (3) na Operação Tricoat III, da Polícia Federal, suspeito de vazar informações sigilosas sobre investigação contra organização criminosa, nega as acusações. Ele passou por audiência de custódia ainda nesta quarta, mas o juiz manteve a preventiva dele sob alegações de segurança processual e ordem pública.
A informação foi confirmada ao g1 pelo advogado de Souza, Fábio Josep da Silva Souza. “Está em fase de investigação. Vamos trabalhar para que a gente consiga essa revogação da prisão. Ele é inocente”, disse.
Ele segue preso no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e a defesa informou que vai entrar ainda nesta quarta com habeas corpus.
Leia mais:
Advogado do AC é alvo de operação da PF por suspeita de vazar informações sigilosas sobre investigação contra facção
PF cumpre mandados no AC e em outros 6 estados contra grupo suspeito de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Durante a operação, a PF cumpriu dois mandados judiciais, sendo um de prisão preventiva e um de busca e apreensão na casa e no escritório do advogado. Dez policiais federais de Rio Branco foram mobilizados para a ação.
Investigação
A investigação começou logo após a deflagração da Operação Tricoat II, ocorrida na última quinta-feira (27) no Acre e mais seis estados, que revelou um esquema chefiado por advogado que tinha como objetivo a troca de informações sigilosas por vantagem pecuniária.
Conforme a PF, a investigação indica que o advogado, munido de informações sensíveis, tentou receber valores de investigados, com a finalidade de impedir e atrapalhar as investigações em curso.
Em razão dos fatos apurados, os investigados podem ser indiciados pelos crimes de integrar organização criminosa, bem como de impedimento e embaraço de investigação criminal. As penas somadas podem chegar a 16 anos.
O nome da operação faz referência a Operação Tricoat II, deflagrada na semana passada, e tinha como principal objetivo combater o tráfico interestadual de drogas e a lavagem de dinheiro.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Acre (OAB-AC) informou que acompanhou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na casa e no escritório do advogado e a prisão dele, bem como a apresentação das provas na sede da delegacia responsável pelo caso, conforme determina prerrogativas da advocacia.
“Todos os atos da operação foram devidamente acompanhados por representantes desta Seccional, como preceitua o art. 7º, § 6º do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. A OAB-AC destaca que permanece comprometida com a defesa das prerrogativas funcionais da advocacia e a defesa da atividade profissional do advogado, e acompanhará o caso prestando o suporte necessário ao advogado envolvido, zelando, imprescindivelmente, pela garantia da observância, em todos os casos, dos princípios fundamentais do contraditório e da ampla defesa, norteadores de nossa Carta Magna”, diz a nota.
PF cumpriu mandados no AC e em outros 6 estados contra grupo suspeito de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Arquivo/PF-AC
Operação Tricoat II
A Polícia Federal deflagrou no dia 27 de abril a Operação Tricoat II, que investiga uma suposta organização criminosa dedicada à lavagem de dinheiro e tráfico de drogas interestadual. Ao todo, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão em sete estados: Acre, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Maranhão, Amazonas, Pará e Piauí.
A investigação, que começou em janeiro de 2022, apontou um esquema de envio de drogas para estados, principalmente, da região nordeste por meio terrestre. A operação ainda investiga lavagem de dinheiro decorrente do crime.
Para lavar o dinheiro proveniente dos crimes, um núcleo – liderado por um empresário acreano – se utilizava de um mercado em Rio Branco, e simulava o funcionamento regular do estabelecimento para justificar os valores e bens obtidos com o lucro do tráfico de drogas.
Os investigados movimentaram mais de R$ 37 milhões em suas contas bancárias durante o período da investigação. A justiça autorizou o bloqueio de contas, sequestro de imóveis, terrenos e itens de luxo.
Como funcionava esquema da facção
O delegado de Polícia Federal Felipe Peres Fachinelli explicou que a droga saía do Acre, que faz fronteira com países que têm uma grande produtividade de droga, com destino aos estados do Nordeste, especialmente, Natal, João Pessoal e Maranhão. A organização criminosa tinha sede em Rio Branco.
Entre os mandados de busca e apreensão cumpridos, 14 foram em Rio Branco, dois em Epitaciolândia, dois em Cruzeiro do Sul e outros seis nos demais estados. Três pessoas foram presas no Acre e uma em Manaus.
“A lavagem de dinheiro acontecia com investimento em imóveis, para tentar ocultar esse caminho ilícito e também por meio de pessoas interpostas para fazer atos de lavagens, que é o depósito fracionado e retirada fracionada de dinheiro. Utilizavam laranjas, na maioria das vezes pessoas hipossuficientes, que não tinham nenhum lastro financeiro para justificar, por exemplo, uma movimentação de R$ 2 milhões”, disse o delegado.
Reveja os telejornais do Acre

Bookmark the permalink.