Centro de Equoterapia de Rio Branco deixa de atender 15 crianças após Saúde suspender serviços

Prefeitura tinha um convênio com o Centro de Equoterapia ‘Eu Acredito’ que promove terapias com cavalos para pessoas com deficiência há dez anos. Centro de Equoterapia deixa de atender crianças após Semsa suspender serviços
Há três meses, 15 crianças que recebem atendimento no Centro de Equoterapia ‘Eu Acredito’, em Rio Branco, que promove terapias com cavalos para pessoas com deficiência há dez anos, estão sem acesso aos serviços. É que houve a suspensão dos atendimentos por parte da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), que tinha um convênio com a iniciativa.
A gestão municipal possui um contrato de locação do espaço, mas suspendeu o envio das equipes de atendimento que realizavam as sessões no local.
O Programa Municipal de Equoterapia, também conhecida como terapia assistida por cavalos, foi instituído por lei em 2019 em Rio Branco. O tratamento serve pra estimular o desenvolvimento de pessoas com deficiência.
Há 10 anos, a Associação Eu Acredito desenvolve suas atividades contando com médicos, psicólogos e terapeutas. Neste ano, a utilidade pública da associação foi reconhecida pelo Estado, o que permite o recebimento de emendas parlamentares.
O vice-presidente do centro, Marcelo Cordeiro, disse que a entidade não tem fins lucrativos e funciona por meio de parcerias que ajudam a levar melhorias para as famílias. “A equoterapia tem um quadro amplo de funcionabilidade, seja para depressão, ansiedade, para o desenvolvimento de crianças autistas e de coordenação motora. Tem vários benefícios”, destacou.
A autônoma Betânia Almeida é mãe da Maria Eduarda, que foi diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e sintomas depressivos. Ela comemora os avanços da filha depois de iniciar as sessões de equoterapia.
“Era uma menina muito fechada, introspectiva e agora, desde que começou a realizar as terapias no rancho, tem apresentado uma melhora significativa, tanto na vida social quanto na família. Ela socializa, tem os amiguinhos dela, agora socializa com a família e a sociedade”, recordou.
Sem autorização
Em nota, a Divisão de Atenção à Saúde das Populações Específicas disse que a proprietária do imóvel acordou, verbalmente, faria o trabalho de equitador. Contudo, após uma visita do Ministério Público do Acre (MP-AC), foi descoberto que a proprietária não possui o curso que a habilita o serviço. Foi então que os atendimentos foram suspensos.
“É interessante frisar que a secretária não especificou no contrato de aluguel do imóvel esse ponto e, por esse motivo, não temos como, no momento, cancelar o contrato. Estamos em fase de contratação de uma empresa que dispense todas as terapias assim como espaço. Já existe um processo em andamento que inclusive já está na no setor de CPL para chamamento Público”, diz Rucilene Felix, chefe da Divisão de Atenção à Saúde das Populações Específicas.
Perda da evolução
Marcelo Cordeiro destacou que, sem os atendimentos, as crianças perdem evolução no tratamento, o que causa sensibilização e preocupação das equipes. “Procuramos ser a voz delas para que, o quanto antes, a gente consiga mesmo que não seja com recurso da prefeitura, mas voltar com essas crianças que perderam o tratamento”, lamentou.
A pequena Ayla Sofia era uma das crianças atendidas pelo convênio da Prefeitura de Rio Branco. A mãe Gilmara Oliveira conta que ela vem regredindo no tratamento pela falta das sessões.
“Desde o dia que ela parou vem adoecendo, vem pedindo para vir para a equoterapia. Parou, totalmente, de evoluir, não conversa mais com ninguém, não conta mais como foi o dia, mesmo que peça. Faz falta para ela”, criticou.
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