Ramon Dino: quem é o acreano vice-campeão da maior competição de fisiculturismo do mundo


Ramon Dino foi descoberto enquanto fazia Calistenia no Horto Florestal em Rio Branco. Primeiro treinador relembra trajetória do acreano. Ramon Dino ao lado de Marcio assim que começou a fazer musculação
Marcio Garcia/Arquivo pessoal
O “Dinossauro do Acre”, como ficou conhecido Ramon Rocha Queiroz, foi descoberto enquanto fazia Calistenia no Horto Florestal em Rio Branco ainda em 2016. Aos 28 anos, ele conquistou novamente o vice-campeonato da categoria Classic Physique no Mr. Olympia 2023 – a maior competição de fisiculturismo do mundo. O nome do acreano chegou a ficar nos assuntos mais falados no X no sábado (4).
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Ele cresceu no bairro Xavier Maia, parte alta de Rio Branco, e sempre praticou o esporte que usa o peso do próprio corpo para promover a resistência muscular. Há 7 anos, seu potencial foi visto por Marcio Garcia, o primeiro a falar que ele tinha que apostar no fisiculturismo e também o primeiro a treinar e incentivar Ramon Dino.
“Fui um dos pioneiros do fisiculturismo no Acre, na época era um esporte bem desconhecido. Em 2016, quando eu estava fazendo uma preparação de fisiculturismo, estava no Horto Florestal fazendo um cardio quando vi o Dino fazendo barra e vi que ele era diferenciado. Quando me aproximei, ele estava com um grupo fazendo Calistenia, só que ele era diferenciado. Mesmo sendo da mesma faixa etária dos amigos, ele tinha o dobro do tamanho dos caras”, contou.
Como era a área de estudo de Marcio, ele logo entendeu que o corpo de Ramon Dino era diferente e, sendo trabalhado, poderia ser uma referência do fisiculturismo, como se tornou.
“Perguntei se ele fazia musculação e ele respondeu que não, que só fazia Calistenia. Me apresentei e disse que se ele entrasse para o fisiculturismo podia chegar longe. Lembro de ele ter me olhado e perguntado: ‘será?’”
Ramon Dino é vice-campeão do Mr. Olympia 2023
Reprodução/Instagram
Ingresso no fisiculturismo
A partir daí surgiu a parceria dos dois. Marcio tinha uma moto na época e estagiava em uma academia, para onde levou Dino. Os dois dividiam os treinos e as dificuldades, mas também acreditavam que ele estaria no topo.
“Ia ter uma competição em Porto Velho e aí convidei ele para ir. Só que a gente não tinha condições financeiras, nem ele, nem eu. Mas, comecei a ir atrás de patrocínio, conseguia almoço, pequenos apoios, e até cesta básica”, conta.
A academia que os dois treinavam ficava no Centro de Rio Branco e, segundo Marcio, quando não conseguia ir buscar Dino, ele ia andando porque tinha dinheiro apenas para uma passagem de ônibus.
“Consegui passagem para ir par Porto Velho (RO). Geralmente um cara para competir, precisa treinar anos, mas ele foi diferenciado. Em poucos meses de musculação, fomos para o estado vizinho e ele ganhou o primeiro troféu amador, em uma categoria que só avaliava a parte superior. Ele já ganhou de primeira e desde então se empolgou e começamos a treinar para que ele mudasse de categoria”, contou.
Marcio então teve problemas de saúde e não pôde mais treinar. Hoje ele é produtor audiovisual e foi dele as imagens de um canal no Youtuber que mostra a casa onde Dino nasceu e se criou.
Uma casa humilde, de madeira e que chegava a alagar em algumas épocas do ano. Marcio relembra que em alguns dias Dino dizia que não ia poder treinar porque a casa estava alagando e precisava ficar vigilante quanto a subida das águas.
Ramon Dino escreveu sobre os pais em 2021 em seu perfil oficial
Reprodução/Instagram
‘Dúvida a gente nunca teve’
Dino é o filho mais novo da professora Suzana da Silva Moura e Francisco Hamilton de Queiroz. O pai dele conversou com o g1 e disse que sempre acreditou no filho.
“Dúvida a gente nunca teve, a gente percebia que a genética dele era diferente. Muito diferente. Ele começou bem cedo no esporte, mas no fisiculturismo ele começou a apostar aos 18 anos. Primeiro fez Calistenia durante dois ou três anos, até o Marcio convidar para fazer fisiculturismo”, contou.
Quarto de Dino na casa dos pais em Rio Branco
Marcio Garcia/Arquivo pessoal
Sobre o filho ter saído do Acre por falta de incentivos, ele diz que é o que acontece, mas lamenta que muitos jovens do estado não possam ter o destaque que o filho está tendo. “Lamento porque o Acre já deveria ter incentivos, não pode deixar tudo nas costas dos empresários”, disse.
Sobre o filho, ele diz que, apesar de uma rotina corrida de atleta, tenta manter o contato com o filho por telefone e tentam se ver pelo menos uma vez ao ano.
Em 2021, o atleta chegou a fazer uma declaração em suas redes sociais para os pais. “Que saudade dos meus pais, escrevo chorando sentindo esse aperto no peito, mas por vocês é que estou vivo. Obrigada por tudo. Amo vocês demais.”
Ramon Dino é homenageado em graffiti parque de Rio Branco
Arquivo pessoal
Homenagem
Foi inspirado nessa história de superação que o grafiteiro Matias Souza resolveu fazer um painel com o rosto do atleta no coração de Rio Branco: Parque da Maternidade. O local, que é usado por muitos rio-branquenses para fazer exercícios físicos, ganhou mais cor e deu destaque para o acreano que tem levado o nome do estado para fora do país. A arte é tem 400 m².
“Sou muito fã do Ramon desde que conheci a história dele há três anos, quando saiu do Acre em busca do sonho de seguir carreira no fisiculturismo. Há muito tempo eu pensava em homenagear ele, assim como já fiz com outros acreanos que nos dão muito orgulho. E em outubro, tive a oportunidade de fazer essa homenagem ao lado do meu amigo Leandro Vidão nesse painel que fica no Parque da Maternidade. O local foi escolhido por ser um muro grande e a temática tem tudo a ver com o Parque da Maternidade, agora chamado por muitos (naquele trecho) de Parque dos Dinossauros e também por ser um espaço de treino, onde as pessoas podem se exercitar olhando para o Ramon e se inspirando na trajetória dele”, disse o artista.
Ramon Dino em 2016 ao lado de Marcio
Marcio Garcia/Arquivo pessoal
VÍDEOS: g1

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