Desastre aéreo: entenda o desafio da identificação das três vítimas que passam pela análise de DNA


Fase de identificação pelo DNA é minuciosa e não tem previsão para ser finalizada. Trabalhos são conduzidos pelo Instituto de Análises Forenses. Desastre aéreo: entenda o desafio da identificação das três vítimas que passam pela análise de DNA
Tácita Muniz/g1
Um trabalho minucioso e que passa por diferentes etapas para que seja concluída a identificação dos três corpos das vítimas do desastre aéreo em Rio Branco segue intenso 12 dias após o acidente que matou 12 pessoas em Rio Branco. Os corpos de Kleiton Lima Almeida, Antônia Elizângela e Francisco Eutimar estão passando pelo processo de extração de DNA para que haja o cruzamento com o material dos familiares.
Após o Departamento da Polícia Técnico-Científica esgotar todas as técnicas possíveis de identificação, os corpos passam agora pela análise genética. Para isso, é iniciado um trabalho de extração de DNA de materiais genéticos da vítima. Mas, antes disso, o material passa por um processo de descalcificação para que os peritos possam acessar esse DNA que fica protegido dentro dos ossos.
Esse tipo de procedimento requer tempo, repetição e diversas etapas, além de não ter espaço para erros. Por isso, é impossível definir uma previsão para que seja concluído.
O material passa por um processo de descalcificação para que os peritos possam acessar esse DNA
Tácita Muniz/g1
O g1 teve acesso a esse trabalho feito no Instituto de Análises Forenses (IAF) para entender como é feita essa identificação. Mônica Paêlo, perita criminal do Laboratório de Genética Forense, explica que o estado em que os corpos se encontram é o maior desafio desse processo.
“O maior desafio para a genética forense é o estado em que os corpos se encontram. Os corpos foram carbonizados e o processo de carbonização foi intenso e isso se torna um desafio para a gente conseguir ter acesso ao material genético, o DNA, e poder processar essa amostra para identificação. Essa é uma das amostras com maior grau de dificuldade que a genética forense encontra hoje”, detalha.
O voo que caiu no Acre era particular, da empresa ART Taxi Aéreo, e decolou de Rio Branco com destino a Envira, no Amazonas. A aeronave modelo Caravan tinha capacidade para até 14 pessoas e caiu por volta das 7h21 no horário local (9h21 em Brasília), logo após a decolagem. O percurso ainda incluía uma parada em Eirunepé (AM). Além da queda, o avião explodiu, deixando as vítimas carbonizadas.
Após extração do DNA, é iniciado o processo para se traçar o perfil genético
Tácita Muniz/g1
“Este é um exame de cinco etapas e, quando a gente está falando de processo de identificação de corpos, a gente também está falando de um processo que envolve muita repetição de etapas por conta da característica que esses corpos entram. Então, em muitos casos, a gente tem que repetir muitas etapas do processo, o que faz com que o processo torne-se um pouco mais demorado. E aí os trabalhos são muito minuciosos em cada um dos detalhes. A gente trabalha com material extremamente pequeno, é um trabalho praticamente artesanal que a gente faz e com todo cuidado para que não haja nenhum tipo de problema no decorrer. A gente hoje tem uma equipe de quatro peritos, e no momento nós estamos com todos os esforços voltados para a identificação dos corpos do acidente da aeronave”, destaca.
Dulcilene Luna, perita criminal e diretora do IAF, ressalta que entende a comoção que a tragédia gerou em toda comunidade. Segundo ele, todo o suporte à família foi dado e também espera conseguir finalizar esse processo para que os familiares possam receber os corpos das vítimas.
Ela diz que o instituto já está está com as amostras dos familiares das vítimas, que chegaram do Amazonas e Pará.
Dulcilene Luna, perita criminal e diretora do IAF, diz que todos os esforços estão voltados para a identificação
Tácita Muniz/g1
“Já iniciamos também o processamento de todas elas. Todos os materiais de referência já foram coletados e a gente teve o apoio da prefeitura do Envira (AM), como também da prefeitura de Eirunepé (AM). Eles nos deram o suporte na coleta dessas amostras dos parentes das vítimas para que fosse possível a gente fazer o confronto do perfil genético com o material extraído dessas amostras questionadas, que seriam das vítimas que não foram identificadas. Nós contamos também nessa empreitada com o apoio da perícia do estado do Amazonas”, pontua.
Da mesma forma aconteceu com o Pará, que também coletou o material referência necessário para a identificação do copiloto.
“A gente está agora na fase de processamento dessas amostras para que a gente consiga o quanto antes dar uma resposta à população na identificação dessas vítimas que não foram possíveis ser identificados até agora. Todos os esforços estão sendo direcionados nesse trabalho dessas amostras. É a nossa prioridade hoje.”
Três vítimas faltam ser identificadas e liberadas
Arquivo pessoal
Quem são as três vítimas?
Kleiton Lima Almeida (copiloto), de 39 anos, nasceu e morava em Itaituba, no sudoeste do Pará. Ele tinha se tornado pai há um mês, segundo a irmã, Gardeny Lima;
Antônia Elizângela era natural de Envira, no Amazonas. Segundo nota divulgada pela prefeitura do município, ela era pecuarista.
Francisco Eutimar era natural de Eirunepé, no Amazonas, tinha 32 anos.
Vale lembrar que em ato simbólico, uma urna com as cinzas do local do acidente foram levadas para Envira (AM), onde houve um velório coletivo para as vítimas daquela cidade. Essa urna foi representando Antônia Elizângela, que ainda iria passar por esse processo de identificação mais demorado.
O mesmo aconteceu no caso de Kleiton Lima Almeida. Como o corpo ainda não havia sido identificado para ir junto com o do piloto Cláudio Atílio Mortari, uma urna com cinzas do local do acidente foi levada para que as famílias pudessem se despedir. Os dois eram da mesma cidade.
Uma equipe do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII) chegou no Acre no último dia 3 para começar as investigações do acidente do avião. Peritos da Polícia Civil do Acre auxiliaram produzindo relatórios que esclarecem a dinâmica do acidente.
A Aeronáutica informou que na investigação “serão utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e confirmação de dados, a preservação de indícios, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo”.
Todos os esforços estão concentrados na análise do DNA
IAF/Arquivo
As vítimas identificadas são:
Jamilo Motta Maciel, de 27 anos, era dentista e morava em Eirunepé;
Raimundo Nonato Rodrigues de Melo, de 32 anos, morava em Eirunepé. Ele era dentista e estava na capital acreana para fazer um curso;
Francisco Aleksander Barbosa Bezerra, de 29 anos. Também de Eirunepé, ele trabalhava como vigilante de carro forte e deixa uma filha de 7 anos;
José Marcos Epifanio, de 46 anos. Natural de Envira, ele era irmão de Antônio Cleudo, que também morreu no acidente, e empresário do ramo de combustíveis.
Clara Maria Vieira Monteiro (filha) e Ana Paula Vieira Alves, de Eirunepé. A mãe tinha 19 anos e a criança, 1 ano e 7 meses.
Cláudio Atílio Mortari (piloto) – Ele era natural de São Paulo, mas também morava em Itaituba, no Pará. De acordo com trabalhadores da empresa, Cláudio morava no Pará desde a década de 80;
Edineia de Lima – Servidora do município de Envira, segundo nota divulgada pela prefeitura do município;
Antônio Cleudo Mattos – Natural de Envira, no Amazonas, tinha 46 anos. Era irmão de José Marcos, e também era empresário do ramo de combustíveis.
VÍDEOS: Desastre aéreo

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