‘Verão amazônico’ prolongado: falta de chuvas aumenta temperaturas no AC e seca segue extrema


Para novembro são esperados cerca de 200 milímetros de chuvas, mas nos 13 primeiros dias choveu menos de 30mm na capital. Rio Acre baixou 14 centímetros em 24 horas. Rio Acre baixou 14 centímetros em 24 horas, e marcou 1,77 metro nesta segunda-feira (13)
William Duarte/Arquivo pessoal
A ausência de chuvas nos últimos meses tem resultado em temperaturas elevadas no Acre e em várias região da Amazônia. Acontece que desde a segunda quinzena de outubro, já era esperada uma melhora nesse cenário, com a chegada do chamado ‘inverno amazônico’. Mas, como explica o meteorologista Alejandro Fonseca, esse período está atrasado e não há previsão de melhora.
O cenário atípico também reflete no Rio Acre, que vive uma seca extrema há meses. Somente nas últimas 24 horas, o nível manancial reduziu 14 centímetros, saindo de 1,91 metro para 1,77 metro nesta segunda-feira (13), segundo dados da Defesa Civil do Município.
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O calor intenso também se deve ao aquecimento das águas do Oceano Pacífico, com o fenômeno conhecido como El Niño, que gera ondas de calor extremo e diminuição da umidade relativa do ar. Assim, a incidência de chuva se torna menor na região Sudeste e se concentra no Sul do Brasil.
“Nós estamos em um período de seca que se estendeu praticamente desde maio até este momento. Em outubro, choveu muito abaixo da média e este mês de novembro ainda não está chovendo bem. Então, as temperaturas altas se devem também à falta de chuva nessas regiões. Aqui, as temperaturas são normalmente altas nos meses de agosto, setembro, até outubro, como característica do clima, mas está se estendendo um pouco mais, precisamente, porque temos falta de chuvas. Estamos tendo essa irregularidade no comportamento da chuva, uma vez que já deveria estar estabelecido o inverno amazônico desde outubro e isso não está acontecendo. Está atrasado”, afirmou o pesquisador.
Essas situações, segundo o meteorologista, já podem ser associadas a manifestações de mudanças climáticas.
“Essas mudanças, que não correspondem a características climáticas do período, tudo isso, a ciência geral está atribuindo a mudanças climáticas. Já não são eventos extremos que podiam acontecer em determinado lugar e causavam estranheza, está acontecendo com muita frequência e em muitos lugares do mundo simultaneamente.”
Conforme os dados, para o mês de outubro são esperados cerca de 150 milímetros de chuvas e o acumulado ficou em cerca de 80 mm no estado. Para novembro, a média esperada é de 200 mm, mas nos 13 primeiros dias choveu menos de 30mm na capital.
“O nível do rio é derivado das chuvas na bacia, e como não chove, esse nível está bem baixo. Tudo isso está entrelaçado e o que preocupa é que não se vê, a nível mundial e local na Amazônia, medidas para mitigar ou se adaptar a essas mudanças. A ciência já vinha falando há muito tempo sobre isso e estamos observando já nitidamente essas consequências. Não temos previsões de chuvas mais expressivas para os próximos dias, estamos observando essa irregularidade”, disse Fonseca.
Média de perda foi de 178 aves por dia na semana passada por altas temperaturas
Arquivo pessoal
As altas temperaturas ocasionaram a morte de centenas de frangos de uma criação no Complexo Agroindustrial de Brasiléia, no interior do Acre, onde funciona o frigorífico Acre Aves Alimentos. Na segunda-feira (6), o produtor Rosildo Freitas foi ao local e constatou que 350 frangos da criação que mantém junto ao cunhado estavam mortos.
Na terça-feira (7), mais 100 animais foram encontrados mortos. As mortes continuaram ao longo de toda a semana, com mais 80 frangos mortos na quarta (8), 150 na quinta (9), e mais 300 nessa sext (10). Freitas e o cunhado afirmaram que o forte calor na região foi a causa da morte, já que as instalações não contam com exaustores.
Situação de emergência
Após o pedido de ajuda ao governo federal, o secretário nacional de proteção e Defesa Civil, Wolnei Barreiros , reconheceu a situação de emergência nos 22 municípios do Acre devido à seca extrema. A portaria nº 3.173 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, o governador Gladson Cameli expressou a necessidade de ampliar os serviços de assistência destinados às famílias impactadas por esse cenário.
O documento, assinado pelo governo do estado, Gladson Cameli, alega que o volume de chuvas no primeiro semestre do ano foi inferior à média.
O decreto, que tem 90 dias de vigência, não fala em dados ou números relacionados às medidas, mas ressalta ainda que há risco de aldeias indígenas ficarem isoladas devido à falta de navegabilidade dos rios, ocasionando diversos problemas de abastecimento de alimentos e outros insumos a essas comunidades.
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