Enchentes no Acre: mais de 6,3 mil moradores estão sem energia elétrica na capital e em oito cidades do interior


Em Rio Branco são quase 700 pessoas sem luz em dez bairros. Já em Brasiléia, que sofre com cheia histórica, são 2.261 moradores. Energia foi suspensa em residências de nove cidades acreanas como medida segurança
Arquivo/Energisa Acre
Mais de 6,3 mil moradores de nove cidades do Acre estão sem energia elétrica por conta da enchente no estado. Os dados são da Energisa contabilizados até a tarde desta quinta-feira (29). A companhia destaca que a suspensão do fornecimento é uma medida de segurança para evitar acidentes durante as enchentes.
Do total de residências sem luz, 691 são da capital Rio Branco. A cidade de Brasiléia, que enfrenta a maior cheia da história, tem o maior número de moradores sem energia elétrica: 2.261 pessoas.
O Acre enfrenta uma cheia histórica em 2024. Em todo o estado, pelo menos 20.182 pessoas estão fora de casa, desabrigados ou desalojados. Além disso, 17 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes.
O Rio Acre chegou a 17 metros na capital acreana às 15h desta quinta na capital. Já às 18h, última medição, a águas subiram mais quatro centímetros, chegando em 17,04 metros. O rio transbordou no último dia 23 e já deixa mais de 1,8 mil pessoas fora de casa. Esta é a sétima vez na história que o rio chega à marca, desde 1971.
O maior nível que o rio atingiu, desde que a medição começou a ser feita, foi de 18,40 metros no dia 4 de março de 2015 na capital Rio Branco. Já ano passado, a maior cota registrada foi 17,72 metros no dia 2 de abril.
Equipes da Energisa vão de barco até as residências desligar a energia elétrica
Arquivo/Energisa Acre
Veja abaixo a quantidade de moradores sem luz por cidade:
Rio Branco – 691
Brasiléia – 2.261
Jordão – 335
Epitaciolândia – 258
Xapuri – 194
Marechal Thaumaturgo – 1.295
Santa Rosa do Purus – 242
Porto Walter – 213
Tarauacá – 907
Na capital Rio Branco, o fornecimento de energia foi suspenso em 11 bairros: Seis de Agosto, Adalberto Aragão, Cadeia Velha, Habitasa, Baixada da Cadeia Velha, Santa Inês, Base, Palheiral, Ayrton Sena, Taquari e Triângulo Novo.
“Em alguns bairros há apenas cinco ou seis clientes sem luz. Temos várias equipes em campo fazendo vistorias e analisando também o nível do rio. Acompanhamos os dados junto às equipes de monitoramento para saber como está a evolução dos rios. Quando citamos um bairro, não significa que é um bairro inteiro sem luz. São algumas unidades”, explicou a coordenadora de segurança da Energisa Acre, Gabriella Mendes.
A coordenadora destacou os cuidados que os moradores precisam ter nesse momento de enchente. “Quando se identificar que a água está subindo e chegando na residência, [é melhor] desligar logo o interruptor porque não vai ter corrente na fiação dentro de casa. Se perceber que o rio está subindo muito, chegando no padrão, informa a Energisa em nossos canais de atendimento que nossas equipes fazem o desligamento”, aconselhou.
Rio Acre na capital chegou a 17,04 metros nesta quinta-feira (29)
Rafaela Rodrigues/Rádio CBN Rio Branco
Decreto de emergência
São 1.106 pessoas desabrigadas e pelo menos 702 pessoas desalojadas somente na capital, conforme o boletim emitido pelo governo do Acre nesta quinta. Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são mais de 900 pessoas até à última atualização desta reportagem. São 312 famílias, totalizando 936 pessoas, de acordo com levantamento feito às 9h desta quarta. No total, são 1.377 pessoas em abrigos.
Acre decreta situação de emergência em 17 das 22 cidades acreanas por conta da cheia dos rios no estado
g1
Dezessete municípios do Acre estão em emergência por causa da cheia de rios e igarapés. Do total, 6.627 estão desabrigadas e 13.555 desalojadas, segundo o governo do estado. Municípios como Santa Rosa do Purus, Jordão e Assis Brasil, que já registraram vazante, estão sem atualização do quantitativo atual.
O decreto reconhecendo da situação consta no Diário Oficial da União (DOU), de domingo (25). A medida também havia sido publicada em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE).
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Situação no interior
O nível do rio Acre continua subindo em algumas cidades, porém já começa a apresentar sinais de vazante em Brasiléia nesta quinta-feira (29). Neste ano, a enchente provocou o isolamento de Brasiléia por via terrestre, já que a ponte que liga à cidade a Epitaciolândia, teve que ser interditada no último domingo (25), por conta dos riscos de as águas invadirem a ponte. Isto ocorreu nesta terça-feira, quando o manancial alcançou os 15 metros no município.
Em Brasiléia, o rio está com 14,48 metros às 16h30 desta quinta (29), continuando em vazante na cidade, de acordo com a Defesa Civil do município.
Nesta quinta, o rio ainda está com mais de 3 metros acima da cota de transbordo, que é de 11,40 metros. No boletim divulgado pela governo do Acre, não há atualizações sobre o número de desabrigados e desalojados na cidade. 13 bairros foram atingidos pela enchente e 15 abrigos foram disponibilizados à população. Além disto, 14.980 pessoas foram atingidas pelas águas no município.
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Arquivo pessoal
Em Epitaciolândia, os números de pessoas desabrigadas estão sendo contabilizadas, segundo o boletim divulgado pelo governo do Acre. Já o número de pessoas desalojadas é de 2.150 pessoas. Quatro bairros foram atingidos pela enchente e 11 abrigos foram organizados para receber os desabrigados. O nível do rio é o mesmo de Brasiléia.
Já na cidade de Xapuri, o rio apresenta 16,62 metros às 18h desta quinta, com quase três metros acima da cota de transbordo. Na última medição às 21h de quarta, o rio estava com 16,04 metros. Atualmente, 166 pessoas estão desabrigadas e 505 desalojadas em sete bairros atingidos. Na cidade há oito abrigos para atender os desabrigados.
VÍDEOS: g1

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