Telefone usado em mensagens de suposta troca de sexo por cargo no governo no AC é cadastrado no nome de um homem, diz polícia


O telefone usado em troca de mensagens entre o comissionado da Secretaria do Turismo do Acre e uma suposta mulher está cadastrado em nome de um homem de mais de 40 anos, segundo levantamento preliminar da polícia. José Fernandes Ferreira de Lima alega que foi vítima de golpe. Após vazamento de conversa íntima, Polícia Civil investiga possível oferta de estágio em troca de sexo no AC
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A Polícia Civil do Acre investiga uma possível oferta de estágio em troca de sexo, após o vazamento de conversas íntimas entre o chefe do setor de eventos da Secretaria Estadual de Turismo do Acre, José Fernandes Ferreira de Lima, mais conhecido como Dudé Lima, e uma suposta mulher. Ele nega e diz que foi alvo de um golpe.
Ao g1, o delegado Roberth Alencar, coordenador da Delegacia Interestadual do Acre, afirmou que o setor de inteligência da Polícia Civil constatou que o telefone usado na troca de mensagens está cadastrado no nome de um homem de mais de 40 anos.
“Vai ser investigado esse caso. Ele alega ter sido vítima de um golpe, inclusive, a gente fez um levantamento prévio e o telefone pertence a um homem de mais de 40 anos. Então, se há essa hipótese de ele ter sido vítima de um golpe, a gente vai averiguar”, disse o delegado.
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Com relação a ele utilizar o argumento de que conseguiria o emprego em troca dos encontros com a mulher, o delegado afirmou que, por enquanto, ainda é uma questão subjetiva. Uma vez que ainda não há elementos concretos, como por exemplo, o preenchimento de cadastro ou entrega de currículo por parte da suposta mulher. Porém, Dudé chegou a fazer PIX de R$ 70 para uma conta que está no nome de uma mulher.
Segundo Alencar, caso seja confirmado, configuraria crime sexual. Mas, até esta segunda-feira (24), nenhuma mulher procurou a polícia para denunciar Dudé com relação a esse tipo de situação oferecimento.
“É uma questão muito subjetiva, porque todos os dias pessoas prometem coisas para as outras, mas não há nada de concreto, é um mero argumento, meras suposições. Vamos verificar, mas para podermos constatar algum fato, tem que ter alguma mulher que conseguiu isso [o emprego], que aí acaba sendo um crime sexual. Precisaríamos que alguém traga algum elemento concreto. A polícia não trabalha com ilações”, afirmou Alencar.
Dudé é um dos chefes da Secretaria de Estado de Indústria, da Ciência, do Comércio, do Empreendedorismo e do Turismo (Seicetur). Ele foi nomeado para o cargo em fevereiro deste ano e tem salário de cerca de R$ 11 mil. Dudé costuma estar envolvido na organização de grandes eventos do governo do Acre, como a Expoacre.
Após o vazamento da conversa íntima, o secretário de Turismo e Empreendedorismo do Acre, Marcelo Messias, informou que abriu um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do comissionado. Em seguida, Dudé pediu afastamento do seu cargo, justificando que a decisão foi para que as investigações prossigam de maneira transparente.
Ao g1, o governo informou que, na gestão de Gladson Cameli, o comissionado não tinha sido alvo de nenhum outro procedimento administrativo até então.
Troca de mensagens vazadas mostram promessa de estágio no governo do Acre em troca de sexo
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Vazamento das conversas
No diálogo vazado, a mulher não é identificada. Na troca de mensagens, ele pede para ver fotos da genitália dela. Em um dos prints, a suposta estudante pede a Dudé que a ajude para que ela seja estagiária na área de turismo, e ele diz que consegue, mas para isso ela precisaria dormir com ele.
Em outro print com troca de mensagens, ele diz: “Não sou secretário, tenho que falar com os colegas. Então se acalma, eu vou te ajudar”. (Veja mensagens acima)
Prints mostram que jovem sugere que Dudé consiga o cargo no governo do Acre
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Após o vazamento das conversas, o deputado estadual Emerson Jarude (MDB) já havia pedido a exoneração de Dudé na sessão de quinta-feira (20). O parlamentar apresentou pedido para que a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) encaminhe uma indicação ao Executivo para que Dudé perca o cargo.
“O governador tem a responsabilidade de tomar as medidas cabíveis para punir esse tipo de atitude e dar o exemplo para que isso não volte a acontecer, mas como até agora não vimos nenhuma declaração ou medida nesse sentido, vim pedir que seja encaminhada a indicação para a exoneração do servidor José Fernandes Ferreira Lima do cargo em comissão CAS-8 por conduta incompatível com a moralidade e probidade administrativa, ao valer-se do cargo para exigir proveito pessoal”, disse.
‘Fui vítima de extorsão’
O g1 entrou em contato com Dudé, que afirmou que foi vítima de um golpe aplicado por alguma pessoa em Belo Horizonte (MG). Ele confirma que houve uma troca de mensagens, mas não confirma o teor do que foi dito.
Disse que depois das mensagens recebeu uma ligação ameaçando o vazamento caso ele não pagasse R$ 1 mil, mas que ele se recusou e fez uma transferência de R$70.
“Tem um print vazado aí nas redes e nenhum momento esses prints falam ou comprovam que eu estou oferecendo emprego para alguém. Pelo contrário, quem lê os prints vê que eu estou dizendo que não posso dar porque não sou secretário, que não é assim que se faz. Quem continuar insistindo, quem afirmou isso vai responder na Justiça porque não tem em nenhum momento dizendo que eu fiz isso. Fui vítima de extorsão, de um golpe. Como é que uma pessoa de 47 anos, mora em Belo Horizonte pode estar querendo estágio? Ela me pediu mil reais, eu disse que não poderia dar porque eu não tinha. Eu não nego as conversas, conversei um dia com essa pessoa. É fato. Eu fui vítima de extorsão”, disse ao g1.
Segundo o servidor, essa já é a segunda vez que foi vítima de extorsão e que teve conversas vazadas. A primeira ocorreu em agosto do ano passado, quando registrou um Boletim de Ocorrência contra um perfil que pediu a quantia de R$ 500. Na quarta-feira (19), ele registrou outra queixa na delegacia por difamação.
Prints mostram que pessoa que conversava com Dudé pediu dinheiro para fazer as unhas
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O que diz o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Acre
Segundo a Lei Complementar nº 39, de 1993, mais precisamente nos artigos 166, inciso IX, diz que o servidor deve “manter conduta compatível com a moralidade administrativa”. No que tange às proibições, o artigo 167, inciso IX, diz que o servidor não pode “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública”.
VÍDEOS: g1

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