Presença de cachorros nas praias divide moradores de Florianópolis; veja números de pesquisa

A presença de cachorros nas praias de Florianópolis, que a cada temporada de verão tem sido motivo de reclamações de moradores e turistas, tem gerado um intenso debate provocado pelo prefeito Topazio Neto (PSD), que usou as redes sociais para acender a polêmica, quando informou que estava propondo a revogação de uma lei junto à Câmara de Vereadores.

Presença de cachorros nas praias é questionada

Presença de cachorros nas praias é questionada – Foto: Flávio Tin/Arquivo/ND

Atualmente, a lei proíbe cachorros nas praias. O prefeito pede a revogação da lei atual para, posteriormente, liberar em horários e praias específicas, que ainda não estão definidas.

Para entender o que a população pensa sobre o tema, o Grupo ND encomendou uma pesquisa de opinião pública junto à empresa Neokemp, que tem metodologia técnica e tecnologia para este tipo de trabalho.

O estudo revelou que a maioria (52%) é contra a presença de cachorros nas praias e indica resistência significativa à ideia. Outros 32% são a favor. Tem ainda 15% que aceitam a presença de cães, mas com regras bem definidas.

Ao todo, 600 pessoas foram ouvidas nos dias 12 e 13 de fevereiro. A margem de erro é de 4% para mais ou para menos e o objetivo principal foi compreender a opinião pública dos moradores e frequentadores sobre a polêmica, identificando níveis de aceitação, preocupações e condições que poderiam viabilizar uma convivência harmoniosa entre tutores, cães e demais usuários das praias.

Opinião pública sobre cachorros nas praias é alvo de pesquisa – Foto: Leo Munhoz/Arquivo/ND

A pesquisa também pediu a opinião dos entrevistados sobre a presença de cães em praias e horários específicos, como o prefeito pretende e caso a Câmara dos Vereadores aprove.

A maior parte (44%) apoia a ideia, indicando que uma regulamentação bem definida pode ser amplamente aceita. Mas 36% mantiveram o posicionamento contrário. Outros 18% defendem a liberação total, sugerindo que estratégias de uso responsável seriam mais viáveis e melhor recebidas.

O trabalho, desenvolvido pela empresa Neokemp, utilizou uma abordagem quantitativa e a coleta de dados foi por meio de questionários estruturados em ligações telefônicas.

A amostra é segmentada por critérios demográficos, como idade, gênero, escolaridade e localização geográfica, garantindo representatividade. Outro dado importante é que a maioria dos respondentes (59%) tem cachorro como animal de estimação, indicando um público majoritariamente familiarizado com cães.

Em relação ao sexo, 52,5% dos entrevistados é mulher e 47,5% homem. No quesito escolaridade, a maioria (45,7%) tem ensino superior, outros 39,5% o ensino médio e 14,9% o ensino fundamental.

Foram ouvidos tanto jovens com 16 a 24 anos quanto pessoas com mais de 60 anos. A maioria dos entrevistados (37,7%) está na faixa etária dos 45 aos 59 anos.

Sobre a condição econômica, a imensa maioria (72%) está trabalhando, outros 10,9% não estão, mas procuram, e 17,1% não está trabalhando e nem procura emprego.

Pesquisa sobre cachorros nas praias de Florianópolis – Foto: Divulgação/ND

Conclusões da pesquisa sobre cachorros nas praias

A pesquisa também gerou um relatório, onde a Neokemp reitera que a maioria dos respondentes não apoia a presença irrestrita de cachorros nas praias de Florianópolis, mas lembra que há uma parcela significativa favorável em locais e horários específicos, desde que regulamentada.

Esse grupo indica uma oportunidade para estratégias baseadas em regulamentação e convivência responsável. Diz, ainda, que os 52% contrários à presença de cachorros nas praias demonstraram preocupações que devem ser consideradas, como higiene e segurança.

Outra conclusão é de que a regulamentação e o estabelecimento de regras claras, como delimitação de áreas e horários, surgem como uma solução viável para atender tanto ao público favorável quanto ao contrário, promovendo uma convivência equilibrada nas praias.

Presença de cachorros nas praias divide opiniões em Florianópolis – Foto: Flávio Tin/Arquivo/ND

Mudanças propostas pelo Executivo

O prefeito Topázio pretende regularizar a presença de cães nas praias da cidade. Para isso, enviou um projeto de lei, à Câmara, na sexta-feira (14), alterando trechos de duas leis que proíbem os animais de estimação nas praias. São elas: lei 1.244, de 1974 (Código de Posturas) e a lei 94, de 2001.

Se aprovar o projeto na Câmara, o prefeito vai assinar um decreto determinando as praias e horários em que será permitida a presença dos pets.

O prefeito Topázio Neto salienta que Florianópolis é reconhecida como um dos destinos turísticos mais procurados, especialmente no verão, alcançando o título de destino brasileiro mais visitado e o quarto mais buscado no mundo em 2024, segundo a plataforma Booking.

“Essa vocação turística, aliada à qualidade de vida que oferecemos a moradores e visitantes, reforça a necessidade de debatermos temas que impactam diretamente nossa convivência e o uso dos espaços públicos”, argumenta o Executivo no comunicado do projeto aos vereadores.

A gestão municipal entende, também, que “a presença de cães nas praias gera debates sobre higiene, segurança e impactos na fauna e flora locais, tornando essencial a definição de normas claras para garantir a harmonia entre os diferentes interesses da sociedade”.

Na redação atual, o Código de Posturas, em seu parágrafo 3º, do artigo 99, diz: “É proibida a permanência e circulação de cães nas praias da Ilha e do Continente”. Na lei do controle e proteção de populações animais o artigo 8 diz: “É expressamente proibida a presença de cães, gatos ou outros animais em praias a qualquer título.”

A proposta do Executivo é que ambos tenham a seguinte redação: “Fica permitida a circulação de animais domésticos na praia somente em área e horário definidos pelo Poder Público”.

Vale ressaltar que o projeto visa permitir a circulação de cães nas praias da cidade, apenas em locais e horários específicos. Ou seja, a liberação não será para todos os balneários. Os detalhes serão definidos e divulgados, segundo a prefeitura.

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