CTGs enfrentam falta de peões para grupos de danças


Em alguns Centros de Tradição Gaúcha (CTGs), o déficit de meninos chega a 50%. Novo secretário da Cultura do Rio Grande do Sul assume na segunda-feira (12) com a promessa de “formatar um programa que possa contribuir de forma efetiva para melhorar essa situação”. Invernada mirim do CTG Devotos da Tradição
Giovani Grizotti
Maquiné, Litoral do Rio Grande do Sul, CTG Devotos da Tradição lotado para um jantar-baile e apresentação da invernada de danças juvenil. Quando o grupo entra para o tablado para se apresentar, sete pares começam a realizar os movimentos sincronizados, enquanto quatro prendas da mesma invernada assistem a tudo, em frente ao palco, sozinhas.
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É que faltam peões para formar as duplas com as gurias. As prendas só entram para a pista no momento em que a apresentação permite performances individuais. Na invernada pré-mirim, o déficit é ainda maior: dez peões.
“Acho que a falta de peões deve-se muito pela vergonha dos adolescentes, pela comodidade de ficar na Internet, talvez também pela falta de incentivo dos pais. Além disso, muitos trabalham desde cedo e acabam que no turno da noite querem descansar”, opina o patrão do CTG, Diego Matos.
A situação se repete no CTG Chaleira Preta, de Gravataí. Na invernada de danças pré-mirim, são 17 prendinhas e apenas oito peões.
“Sempre tem prendas a mais. É uma pena aquelas meninas todas paradas na volta, enquanto os pares formados estão dançando”, lamenta o ex-patrão Joelci Guimarães.
Para Guimarães, os meninos são mais propensos a deixarem o movimento tradicionalista para participar de outras atividades, como as lutas marciais, por exemplo.
“Deveria haver mais incentivo”, ele defende.
Para o vice-presidente Artístico do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Luis Afonso Torres, o desinteresse dos peões pode ter relação às tecnologias como jogos virtuais e internet. Ele acredita que as prendas tenham um perfil mais próximo do artístico no qual se encaixa do tradicionalismo.
“Os pais precisam incentivar as crianças a entrarem para este meio”, defende,
De fato, o Rio Grande do Sul carece de uma política pública de fomento aos CTGs, reivindicação antiga do meio tradicionalista. Anunciado como o novo secretário da Cultura do Rio Grande do Sul, o deputado estadual Eduardo Loureiro (PDT) deve assumir na próxima segunda-feira com a promessa de criar um departamento na pasta para cuidar exclusivamente da cultura regional.
“Pretendemos formatar um programa que possa contribuir de forma efetiva para melhorar essa situação. Assumiremos a função na segunda-feira e já na semana abriremos diálogo com representantes dessa área para a elaboração de uma plano nesse sentido. A cultura gaúcha vai merecer toda a nossa atenção”, declarou ao blog.
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