Sem Putin e Zelensky, Rússia e Ucrânia se reúnem em nova tentativa de acordo de paz

Moscou e Kiev participam nesta sexta-feira (16), em Istambul, das primeiras negociações diretas, mediadas pela Turquia, desde a invasão russa da Ucrânia, em 2022. Mas a ausência dos presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky dificulta a obtenção de um acordo, apesar da pressão da comunidade internacional por um cessar-fogo.
As discussões, mediadas pelo ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan, têm a participação do secretário de Estado americano, Marco Rubio, do embaixador dos Estados Unidos em Ancara, Tom Barrack, e do representante especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg.
A Ucrânia enviou o chefe do gabinete presidencial, Andriy Iermak, e os ministros da Defesa e das Relações Exteriores, Roustem Oumerov, além de Andriy Sybiga, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores da Turquia.
A prioridade de Kiev é obter um “cessar-fogo incondicional” de Moscou, disse Iemark na sexta-feira antes das negociações. “A delegação ucraniana está hoje em Istambul para chegar a um cessar-fogo incondicional: esta é a nossa prioridade”, disse Andriy Yermak, braço direito de Volodymyr Zelensky, na rede social X. 
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que chegou a Istambul na manhã desta sexta, afirmou não ter “grandes expectativas”. Ele reconheceu que a equipe russa enviada por Vladimir Putin está “abaixo do nível esperado”.
Para o presidente dos EUA, Donald Trump, “nada vai acontecer” enquanto ele e o presidente russo “não estiverem juntos”. Já Zelensky declarou que pretende se encontrar com Putin em Istambul e acusou os russos de não levarem as negociações “a sério”.
A delegação russa é liderada por Vladimir Medinski, ex-ministro da Cultura e atual conselheiro de Putin, considerado pouco influente no governo. O presidente russo chegou a propor negociações diretas, mas, após ser desafiado por Zelensky a comparecer pessoalmente a Istambul, desistiu do encontro.
Trump, que pressiona os dois países por um acordo de paz, afirmou na quinta-feira (15) que poderia viajar à Turquia nesta sexta-feira, caso houvesse progresso nas negociações.
Possíveis compromissosNa quinta-feira, Zelensky disse que delegação russa não passava de “fachada” e foi chamado de “palhaço” pelos representantes russos.
Medinski defende que as novas conversas sejam uma continuação das negociações bilaterais iniciadas em 2022. Ele afirmou estar disposto a “possíveis compromissos”, sem dar maiores detalhe  s, e garantiu que sua delegação tem “todas as prerrogativas” para tomar decisões — o que Zelensky questiona.
Desde o início da invasão, o Kremlin exige que a Ucrânia renuncie à adesão à OTAN, abandone quatro regiões parcialmente controladas pela Rússia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, e interrompa o recebimento de armas ocidentais.
Zelensky foi recebido na quinta-feira em Ancara pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e reiterou estar “pronto” para negociações diretas com Putin. Ele disse que a ausência do presidente russo era “uma falta de respeito” em relação a Trump e Erdogan.
Cúpula da UE na AlbâniaNa quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que Putin deve “pagar o preço por sua recusa em obter a paz”, antes de participar da cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE), realizada na Albânia nesta sexta-feira.
O evento reúne líderes de 47 países europeus, incluindo Starmer, o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte.
A diplomacia europeia e Kiev pediram um cessar-fogo imediato como pré-condição para qualquer diálogo com Moscou. A proposta é rejeitada pela Rússia – o país argumenta que uma trégua permitiria à Ucrânia se rearmar com apoio ocidental.
Os combates continuaram na noite de quinta-feira em ambos os lados da fronteira. Moscou afirmou ter conquistado duas novas cidades na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, e atualmente controla cerca de 20% do território ucraniano.
(Com AFP)
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